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Adeus a Pedro Casaldáliga

Pedro optou por viver “aquecendo o cotidiano com poesias que se notabilizam pela força, delicadeza e sensibilidade”

Nesta quinta-feira, 13/8, o Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), emitiu moção de pesar pelo falecimento do poeta Pedro Casaldáliga.

Leia na íntegra:

O Conselho Universitário da UFRJ, reunido em sessão no dia 13 de agosto de 2020, manifesta profundo e vasto pesar pelo falecimento do bispo poeta Pedro Casaldáliga em 8 de agosto do presente ano.

Desde que veio ao Brasil, em 1968, o Catalão, sagrado bispo da Prelazia São Félix do Araguaia-MT em 1971, esteve ao lado dos camponeses pobres, ribeirinhos e povos indígenas, levando mensagens corajosas, como a conhecida Carta Pastoral de 1971 (Uma igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social), às vítimas dos grileiros e à todos atingidos pelas brutais expropriações no campo. Foi permanentemente ameaçado de morte e de expulsão do país no período da ditadura; contudo, nada disso o demoveu de levar as mensagens da teologia da libertação aos espoliados da terra.

Foi pioneiro na elaboração e difusão da causa ecossocial, baseada nos direitos humanos, na proteção da natureza e no bem-viver dos que vivem no campo, resultando na importante encíclica Laudato Si, dedicada às causas socioambientais.

Optou por viver a vida simples dos pobres, aquecendo o cotidiano com poesias que se notabilizam pela força, delicadeza e sensibilidade. A seu pedido, pediu para ficar com seu povo: foi enterrado no “Cemitério do Sertão” onde jazem seus irmãos de luta e de esperança: “Para descansar/ quero só esta cruz de pau/como chuva e sol;/estes sete palmos e a Ressurreição”. Em seus últimos dias de vida, novamente, foi perigosamente ameaçado em sua integridade física, ameaças concretas foram dirigidas aos camponeses, ribeirinhos e povos indígenas, em virtude do novo ciclo de exploração na região amazônica.

Por isso, a presente manifestação de pesar, é, também, uma mensagem de viva solidariedade aos que são vítimas dessas investidas, em prol das causas de vida do bispo Pedro: reforma agrária para assegurar ao povo o que o povo trabalha, defesa dos territórios indígenas, luta contra o trabalho escravo, luta em prol da preservação da biodiversidade, em prol dos direitos das mulheres, dos direitos humanos e da possibilidade de uma vida permeada de poesia.

Que sua história inspire a todos nós na luta contra o autoritarismo, a opressão e a exploração do povo brasileiro.