A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) manifesta, com profundo pesar, o falecimento da professora e antropóloga Neide Esterci, aos 83 anos, ocorrido na segunda-feira, 18 de novembro.
Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 1965, Neide realizou mestrado em Antropologia Social no Museu Nacional da UFRJ e, em 1985, concluiu seu doutorado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP).
Neide Esterci integrou o corpo docente do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ a partir de 1970. Foi pesquisadora visitante na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), em Paris, e no Institute of Latin American Studies da Universidade de Londres, entre outras instituições renomadas.
Sua trajetória acadêmica foi marcada por estudos fundamentais sobre escravidão contemporânea, com foco nas condições de trabalho análogas à escravidão, nas relações entre trabalhadores rurais, políticas agrárias e desenvolvimento sustentável. Seu trabalho destacou os vínculos entre conflitos socioambientais e desigualdades no campo, tornando-a referência no campo da antropologia contemporânea.
Neide também se notabilizou como pesquisadora da Amazônia, área em que se tornou especialista e escreveu obras de grande relevância, como Conflito na Amazônia: peões e posseiros contra a grande empresa. Outros livros de destaque incluem Escravos da Desigualdade: um estudo sobre o uso repressivo da força de trabalho hoje (1994), Territórios socioambientais em construção na Amazônia brasileira (2018) e Reforma Agrária e Meio Ambiente (2003).
Ao longo de sua vida, Neide Esterci formou gerações de pesquisadores e pesquisadoras, consolidando um legado acadêmico exemplar. Também participou de diversas organizações e ajudou a fundar o Instituto Socioambiental (ISA), do qual foi presidenta.
Ela deixa o viúvo Ricardo Ramalho, dois filhos, Emiliano e Thomaz Ramalho, e o neto Pedro.
O velório foi realizado na terça-feira, 19/11, no Crematório do Cemitério Vertical Memorial do Carmo.