A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lamenta, com pesar, a morte do cravista, regente e luthier Roberto de Regina, que ocorreu nesta sexta-feira, 25/4, por causas naturais, aos 98 anos. Em fevereiro de 2025, a UFRJ concedeu ao músico o título de doutor honoris causa.
Formado em Medicina pela UFRJ, em 1952, Roberto de Regina já se dedicava à música nos tempos de estudante, atividade que acabou prevalecendo e o destacou no cenário nacional. Como cravista, destacou-se no cenário nacional desde a década de 1940, atuando também como regente. Já como luthier, conseguiu alterar a trajetória da cena musical brasileira. Foi o primeiro construtor brasileiro de cravo no século XX, contribuindo para a difusão do instrumento no país.
Em 1973, participou, com grande sucesso, de um concerto com Aurèle Nicolet, um dos maiores flautistas da época. A partir de 1974, focou na realização de recitais solo, realizados em espaços variados, como na Sala Cecília Meireles, Casa de Rui Barbosa e Teatro Senac, com obras de Couperin, Lully, Bach, Purcell entre outros.
Entre 1978 e 1999, desenvolveu seus recitais em espaços alternativos, como o Teatro da Reitoria da UFF, o Planetário da Gávea, o Teatro Vanucci, o auditório da Sondotécnica, o Jóquei Clube, o Espaço BNDES, a Igreja do Outeiro da Glória, o Centro Cultural Cândido Mendes e a Uerj, onde participou da série Uerj Clássica.
Paralelamente às atividades de cravista e regente, o trabalho de Roberto de Regina como luthier é um divisor de águas na cena musical brasileira. A partir da década de 1960, tornou-se o primeiro construtor brasileiro do instrumento no século XX, o que permitiu que muitos pudessem começar a tocá-lo, sem a necessidade de recorrer à importação, contribuindo para a difusão do instrumento no país.
O músico teve presença destacada em diversas rádios do país, como a Rádio MEC, o Jornal do Brasil e o programa Clássicos JB. Suas múltiplas atividades profissionais ainda incluíram palestras, cursos e presenças como professor de cravo em festivais de música pelo país. Sua discografia contabiliza 26 álbuns e cinco DVDs, tendo recebido o Prêmio Sharp na categoria música instrumental.
A vida e a obra do artista serão representadas nas telas em O Cravista, longa-metragem documental que está sendo produzido com direção e roteiro de Luiz Eduardo Ozório.
A iniciativa em conceder o título de doutor honoris causa a Roberto de Regina partiu do Departamento de Instrumentos de Teclado, sendo aprovada pela Congregação da Escola de Música e pelo Conselho Universitário da UFRJ.
O falecimento de Roberto de Regina foi anunciado pelo centro cultural criado pelo músico, a Capela Magdalena, em Guaratiba, no Rio de Janeiro, local onde viveu desde os anos 1970.