Diagnósticos de doenças serão mais precisos na UFRJ


Com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade, o novo prédio do Centro de Pesquisas em Medicina de Precisão (CPMP) da Universidade Federal do Rio de Janeiro será inaugurado no dia 30/6, às 17 horas, na Cidade Universitária. A secretária de Educação Superior e ex-reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, e o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, também confirmaram presença na inauguração do centro, que abre uma nova perspectiva para a descoberta de novos tratamentos.


Com cinco pavimentos, o prédio tem a área total de 5.060,15 metros quadrados para a realização de pesquisas laboratoriais de um segmento da medicina que traz mais segurança ao diagnóstico de doenças, uma vez que utiliza dados genéticos que permitem a personalização do tratamento e torna todo o processo mais eficaz. A obra foi financiada com recursos do CT-Saúde, um dos fundos setoriais vinculados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Hoje, já são cerca de 170 profissionais trabalhando no local, entre professores, pesquisadores, tecnólogos, pós-graduandos e alunos de graduação.


Além do prédio principal do CPMP, há edificações de apoio: depósito de resíduos (comum e infectante), central de gases, central de nitrogênio líquido, geradores e reservatório de diesel. Os profissionais do novo centro de pesquisas terão equipamentos para investigar a fundo individualidades do organismo humano a partir da identificação das características genéticas de doenças hereditárias e complexas, promovendo pesquisas com base nas características de cada paciente ou de grupos.


A descoberta de novos tratamentos para doenças humanas é um processo complexo que começa na pesquisa básica, com células in vitro, estende-se pela pesquisa translacional, com animais in vivo, e apresenta sempre a etapa de ensaios clínicos, na qual, em uma das fases finais, indivíduos acometidos pela doença estudada são submetidos ao tratamento testado. Esse longo processo experimental é custoso e, frequentemente, resulta em medicamentos ineficazes ou com efeitos colaterais graves.


Com os novos estudos da medicina de precisão, são gerados dados que podem ser úteis na prevenção e diretamente na intervenção médica. Esse conhecimento também pode somar as informações já convencionalmente usadas para diagnóstico e tratamento – sinais, sintomas, história pessoal/familiar e exames complementares – ao perfil genético do indivíduo.


Em futuro próximo, ao perfil genético será possível aliar os perfis proteico e metabólico de uma pessoa, proporcionando a produção de terapias e medicamentos mais eficazes. Para a indústria, é a chave do desenvolvimento de soluções para pacientes que não respondem a tratamentos convencionais e pode, potencialmente, reduzir os custos e a demora dos ensaios clínicos.


De acordo com o diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), Robson Coutinho Silva, a capacidade de fazer exames sofisticados usando o parque de equipamentos do prédio já existe. “Os estudos no CPMP buscam também viabilizar no futuro que essa abordagem seja acessível a toda a população pelo SUS. Todavia, dependerá de investimento institucional em pessoal especializado para a prestação desse tipo de serviço, bem como da demanda médica, uma vez que exames da medicina de precisão não estão disponíveis à população”, esclareceu.


O Centro de Pesquisas em Medicina de Precisão está localizado na esquina da Avenida Carlos Chagas Filho com Rua Maria Dolores Lins de Andrade. O terreno encontra-se na área de expansão do Centro de Ciências da Saúde (CCS), denominada CCS 2. O CPMP faz parte do IBCCF. “Este é o primeiro prédio do IBCCF fora da área original, mas o instituto tem como meta construir outras edificações, com a mesma característica inovadora, para a transferência de todos os demais laboratórios que compõem o instituto”, concluiu Coutinho Silva.

Descoberta aponta vilões da hipertensão

Em cada dez pessoas com hipertensão, seis apresentam hipersensibilidade a uma dieta rica em sal. Entender o mecanismo pelo qual os hipertensos desenvolvem essa suscetibilidade é o objetivo do grupo de pesquisa liderado pela professora Lucienne da Silva Lara, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB),  também  pesquisadora do Centro de Pesquisa em Medicina de Precisão, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em artigo publicado em maio na revista International Journal of Molecular Sciences, os pesquisadores apontaram a existência de três “vilões” que desestabilizam o sistema renal dos pacientes, com a retenção de sódio e líquidos. De acordo com a professora, “quando um sensor de sódio (Nax), uma proteína cinase induzida por sal (SIK) e o transportador (Na++K+) ATPase trabalham de forma elevada nos rins, ocorre aumento da reabsorção de sódio e água, e isso pode explicar o desenvolvimento da hipertensão sensível ao sal”.

Uma série de outros estudos clínicos que avaliavam a hipertensão de diferentes grupos de pacientes (gênero, etnia, condição socioeconômica e gravidade da doença) confirmou que uma dieta rica em sal causaria hipertensão. Entretanto, jamais houve consenso entre os pesquisadores sobre o que levaria à hipersensibilidade.

Utilizando um modelo pré-clínico, os autores mostraram que, em ratos sadios submetidos à elevada ingestão de sal, o trio de moléculas tem as atividades elevadas, contribuindo para a retenção de sódio e líquido. Os ratos do experimento não desenvolvem hipertensão, mas apresentam uma leve disfunção renal. Em animais hipertensos submetidos à elevada ingestão de sal, o trio desconecta-se e o sensor de sódio passa a disparar mecanismos que contribuem para a perda da função renal. Com a função renal prejudicada, os roedores alcançam níveis altos de pressão arterial.

Para os autores do artigo, a descoberta pode abrir novos caminhos na produção de fármacos que agem diretamente para manter harmônica a orquestra executada pelo trio, evitando o desenvolvimento da hipertensão sensível ao sal. O trabalho contou com a participação de alunos bolsistas de mestrado e doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) – Bolsista Nota 10 – e com o apoio das agências de fomento CNPq e Fapesp. Colaborou também a professora Minolfa Prieto da Tulane, da Universidade de Nova Orleans, Estados Unidos.

Parceria entre UFRJ e Agence Universitaire de la Francophonie criará centro de empregabilidade e campus digital

Após acordo firmado, a UFRJ inaugura nesta segunda-feira, 19/6, o Espaço Integrado AUF-Coppead, que é uma parceria entre a Agence Universitaire de la Francophonie (AF) e a UFRJ. Lá funcionarão o Centro de Empregabilidade Francófono (CEF) e o Campus Francófono Digital 5.0 (CNF).

O CEF é um espaço aberto ao público, aos diversos atores da comunidade universitária e da sociedade. O Centro é destinado a estudantes, professores e pesquisadores das instituições-membros da AUF.

O CNF é uma estrutura criada pela AUF dentro da UFRJ, que se constitui ao mesmo tempo como um lugar de acesso à informação científica e técnica, um espaço de formação em metodologia e uso das tecnologias da informação e comunicação e um meio de acesso ao ensino aberto e a distância (EAD), tudo através de recursos técnicos (computadores, softwares, equipamentos de videoconferência), educacionais (documentos primários, bancos de dados científicos), pedagógicos (documentos, materiais, formações) e humanos (presença de profissionais capacitados para dar suporte).

O CNF 5.0 é uma estrutura moderna em torno de soluções inovadoras e de integração de serviços graças a uma plataforma online. Os diversos CNF 5.0 estarão mundialmente conectados em rede.

O Conexão UFRJ, o site de notícias da Universidade, acompanhará a inauguração.

Serviço

Inauguração do Espaço Integrado AUF-Coppead
(Centro de Empregabilidade Francófono e Campus Francófono Digital 5.0)
19/6, 10h
Coppead, Rua Pascoal Lemme, 355, Cidade Universitária, Rio de Janeiro/RJ

Planta nativa brasileira produz canabidiol sem associação com substâncias alucinógenas

Uma espécie nativa brasileira, a Trema micrantha blume, pode ampliar o uso do canabidiol (CBD) para fins medicinais sem barreiras legais. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificaram a substância nos frutos e flores, mas sem estar misturada com o tetrahidrocanabinol (THC), de efeito psicoativo, presente na Cannabis sativa, que é proibida de ser cultivada por produzir droga alucinógena, a maconha.

O coordenador da pesquisa, Rodrigo Soares Moura Neto, do Instituto de Biologia (IB) da UFRJ, explica que a Trema micrantha blume conseguiria transpor as barreiras legais impostas hoje à Cannabis. No ano passado, uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) determinou que os médicos só podem prescrever o CBD para tratamento de epilepsias na infância e na adolescência. No entanto, o Congresso Nacional brasileiro ainda discute a liberação do cultivo da Cannabis em escala industrial, como ocorre nos Estados Unidos, no Canadá e em Portugal.

De acordo com Rodrigo Moura Neto, quando se comercializa canabidiol, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impõe restrição na fórmula, que só pode ter 0,2% de THC. “No caso da planta brasileira, isso não seria um problema, porque não existe nada de THC nela. Também não haveria a restrição jurídica de plantio, porque ela pode ser plantada à vontade. Na verdade, ela já está espalhada pelo Brasil inteiro. Seria uma fonte mais fácil e barata de obter o canabidiol”, informou.

Químicos, biólogos, geneticistas e botânicos estão mapeando os métodos mais eficazes de análise e extração do canabidiol da planta. Segundo o professor, em seis meses começarão os processos in vitro, quando será analisado se o componente tem a mesma atividade que o canabidiol extraído da Cannabis sativa. A pesquisa conta com R$ 500 mil de recursos, obtidos por meio do edital de Ciências Agrárias, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do estado.

Físicos da UFRJ criam armadilha para íons

Pesquisadores do Laboratório de Super-Espectroscopia (Laser), do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveram uma técnica inovadora para aprisionar íons a baixas temperaturas. É a primeira máquina para confinar íons do Brasil, sendo também a primeira armadilha de Penning − batizada assim em homenagem ao físico sueco Frans Michel Penning − da América do Sul. O trabalho foi publicado na Communications Physics, o braço de física da Nature Communications.

Utilizando a técnica denominada de Sublimação de Matriz de Isolamento (MISu, acrônimo em inglês), desenvolvida pelo Laser/UFRJ, os pesquisadores formam ânions e cátions frios. A armadilha de Penning é um sistema no qual se utilizam campos magnéticos e elétricos estáticos para confinar íons em um pequeno espaço, pelo tempo necessário para que se possam realizar medições. Essa inovação brasileira de produção de ânions tem potencial para aplicações em pesquisas com antihidrogênio e para medidas da massa de neutrino, da formação molecular em meio interestelar e da homoquiralidade das moléculas biológicas, por exemplo. Já a produção de elétrons polarizados pode colaborar, por exemplo, nas pesquisas relacionadas à quiralidade e informação quântica.

De acordo com o físico Claudio Lenz Cesar, um dos líderes da pesquisa, o domínio da tecnologia abre diversas oportunidades de aplicação. “Essa técnica que inventamos de gerar ânions de hidrogênio é inédita, não se tinha nenhuma fonte de hidrogênio assim em baixa energia. Isso abre enorme gama de aplicações, seja em Física Fundamental a estudos que nem imaginamos”, explica ele, que é um dos líderes da pesquisa e que assina o artigo junto com os cientistas Levi Oliveira de Araújo Azevedo (doutorando), Rodolfo de Jesus Costa (aluno do programa de Mestrado Aplicado Multidisciplinar), Álvaro Nunes de Oliveira (Inmetro/IF-UFRJ), e os professores Rodrigo Lage Sacramento, Daniel de Miranda Silveira e Wania Wolff.

UFRJ assinará contrato com consórcio responsável pelo “novo Canecão” e por série de contrapartidas à universidade

Na quarta-feira (7/6), às 14h, a UFRJ assinará o contrato de concessão de área localizada no campus Praia Vermelha, na Urca, junto ao consórcio Bônus-Kefler, que venceu o leilão realizado em 2/2. O grupo será responsável pelo “novo Canecão” e por uma série de contrapartidas para a UFRJ.

O período de concessão do espaço é de 30 anos. O consórcio precisará fazer intervenções que chegam a R$ 137,7 milhões em todo o projeto, sendo R$ 53,7 milhões nas instalações acadêmicas e R$ 84 milhões na parte cultural.

Além de investir em equipamentos culturais, o consórcio terá que dar contrapartidas in natura para a UFRJ: construir um restaurante universitário no campus Praia Vermelha com capacidade para fornecer dois mil refeições por dia, além de dois prédios acadêmicos no mesmo campus. Isso possibilitará que o Palácio Universitário, maior construção neoclássica do Rio, concentre atividades de pesquisa e extensão das unidades ali atuantes.

Os profissionais de mídia interessados poderão acompanhar a cerimônia de assinatura de contrato presencialmente. Não haverá transmissão online. Para participar, será necessário realizar um cadastro prévio pelo e-mail imprensa@reitoria.ufrj.br, informando nome completo, função, veículo de mídia e CPF. As vagas são limitadas.

Serviço

  • Assinatura de contrato – UFRJ e Bônus-Klefer – “Novo Canecão”
  • Data: quarta-feira, 7/6
  • Horário: 14h
  • Local: Auditório da Inovateca (prédio com estrutura de cubo mágico). Rua Aloísio Teixeira, 564, Parque Tecnológico da UFRJ, Cidade Universitária, Rio de Janeiro/RJ
  • Inscrições para imprensa: imprensa@reitoria.ufrj.br
  • WhatsApp: +55 21 96845-7859

Forma agressiva de câncer cerebral regride após infecção por vírus

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer descreveram pela primeira vez um caso clínico que evidencia infecção por flavivírus, gênero de arbovírus que apresenta grande incidência de infecção em todo o mundo, e regressão do glioblastoma, forma agressiva de câncer cerebral de opções de tratamento limitadas e prognóstico pessimista. O caso foi descrito em estudo publicado no Journal Frontiers in Medicine, em Junho.

Em abril de 2016, a paciente recebeu o diagnóstico de que estava com glioblastoma, sendo logo submetida à ressecção cirúrgica do tumor, seguida de tratamento padrão com radioterapia e quimioterapia. Três semanas e meia após a cirurgia, ela foi diagnosticada com uma infecção semelhante à provocada por arbovírus. A infecção causou febre, erupção cutânea e dores musculares, durando sete dias.

Com a infecção curada, observou-se que o glioblastoma havia regredido, com a paciente sem recorrência da doença por mais de sete anos. Acompanhada regularmente com tomografias cerebrais, atualmente se encontra assintomática, saudável, trabalhando ativamente e não faz uso de medicamentos como anticonvulsivantes.

Os pesquisadores disseram que o caso forneceu “uma perspectiva emocionante” de que a infecção viral havia contribuído para a regressão do glioblastoma, possivelmente eliminando as células-tronco do câncer.

Estudos pré-clínicos anteriores mostraram que o vírus da zika pode desencadear a morte de células-tronco de glioblastoma, mas a atividade oncolítica não foi demonstrada em pacientes humanos. “A reatividade cruzada é uma importante limitação no diagnóstico das arboviroses. Embora não tenhamos condições de afirmar se foi o vírus da zika ou da dengue, pois as amostras de sangue dela ocorreram três anos depois da infecção, encontramos evidências de um caso de atividade natural oncolítica. Tivemos dificuldades em bater o martelo se foi zika ou dengue. Em 2016, havia um surto enorme de zika no Rio, mas consideramos também dengue, que é endêmica na cidade”, explicou a professora Patrícia Garcez, uma das pesquisadoras do artigo.

O vírus da zica, transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, ganhou atenção internacional em 2015 e 2016 devido ao grande surto no Brasil e sua associação com malformações congênitas graves, como a microcefalia, em bebês nascidos de mães infectadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma emergência de saúde pública de interesse internacional em fevereiro de 2016. Desde então, o vírus se espalhou para outros países do mundo.

Os pesquisadores também alertaram que o relato de caso foi limitado a um único paciente e não conseguiu estabelecer a relação causal entre a infecção pelo vírus da zica e a regressão do glioblastoma. Segundo eles, são necessários mais estudos para investigar o uso potencial do flavivírus como nova estratégia terapêutica para o glioblastoma e outros tipos de câncer. “Esse caso nos chegou graças à divulgação da imprensa sobre nosso trabalho. A paciente entrou em contato conosco e relatou seu caso clínico. Fomos atrás dos médicos envolvidos para investigar mais. É o caso natural de flavivírus atuando como agente oncolítico.”

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