O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, esteve reunido, na quinta-feira (1/02) à tarde, com as entidades representativas dos estudantes (DCE Mário Prata e APG), dos professores (Adufrj) e dos trabalhadores em educação (Sintufrj). Na pauta estava o processo de negociação dos andares do edifício Ventura Corporate Towers, prédio comercial no Centro do Rio.
O professor João Carlos Ferraz, do Instituto de Economia, explicou como é desenvolvido o projeto de Valorização dos Ativos Imobiliários da UFRJ, voltado para angariar mais recursos para a instituição de ensino, por meio de contrapartidas em construção e reformas benéficas às áreas acadêmicas. “A ideia é usar o patrimônio para, através de engenharias financeiras e técnicas, trazer novos recursos que beneficiem a Universidade. Não estamos cedendo recursos para entrar no cofre da UFRJ. O princípio básico é investir na infraestrutura da Universidade”, frisou o economista.
Segundo Ferraz, a Escola de Música é a única unidade da UFRJ a ocupar dois dos 10 andares do Ventura pertencentes à Universidade. “Os ativos que a UFRJ tem são dois: cérebro e patrimônio imobiliário. Se temos um imóvel que não está gerando valor, a propriedade está ociosa. Se não gera bens para a Universidade cumprir seu papel, então é preciso mudar. Assim foi realizada a opção de negociar o Ventura”, afirmou.
O edifício Ventura Corporate Towers é um prédio comercial de alto padrão, construído em 2010 em um terreno que a UFRJ comprou do Governo Estadual em 1970. Na época, ficou acordado que 17% do prédio seria entregue à Universidade (10 andares e meio), mas a parte que está ocupada e alugada mal cobre os custos com valor médio da taxa condominial praticada.
Além disso, a escassez de recursos orçamentários para manutenção e a falta de expertise especializada em negociação imobiliária transformaram a propriedade em um estorvo para a administração universitária. Os ambientes vazios são colocados para aluguel pela própria UFRJ e já foram ocupados por instituições como o BNDES e a Petrobras, que deixaram o empreendimento nos últimos anos.
A atual gestão quer realizar debates técnicos com base na situação real em que se encontra a Universidade. A escolha por investimentos em infraestrutura também não será fácil. Há imóveis que são tombados pelo patrimônio histórico e podem apresentar diversos problemas ao iniciar-se qualquer tipo de reforma, o que trará gastos maiores que os previstos. “Ao entrar em uma licitação, o investidor deverá saber o quanto precisará desembolsar. É algo que tem de estar claro em um documento. Haverá escolhas difíceis, que serão definidas no Conselho Universitário”, antecipou Ferraz.
De acordo com Medronho, há uma lista realizada desde as gestões anteriores. O Conselho Universitário terá as informações de como a listagem foi elaborada e a estimativa de valor dos andares e das contrapartidas. “As estimativas têm uma dinâmica e precisam ser atualizadas. Se recebermos uma quantia para reformar tudo que precisa, será o melhor dos mundos. Mas, se não houver recurso para manutenção, daqui a um tempo serão necessárias reformas, em cinco ou dez anos. A ideia é requalificar nossa instituição. Precisaremos ter sensibilidade para definir o que é urgente e priotirário”, concluiu o reitor.