O mais recente professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ao referir-se à sua trajetória acadêmica, se autodefiniu como um “cara de muita sorte!”, no sentido darwiniano, tal qual frisou. Essas foram as primeiras palavras ditas por Paulo Mascarello Bisch, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), durante cerimônia para concessão do título, na terça-feira, 17/6, no Auditório Professora Hertha Meyer, localizado no Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) .
A honraria é conferida aos docentes titulares aposentados da Universidade, cuja carreira no magistério tenha sido marcada por excepcional relevância para a instituição e para o país. No caso do homenageado, os impactos de sua atuação estenderam-se a outras universidades nacionais e internacionais. Afinal, transitando entre a física, a físico-química, a biofísica molecular e celular, Bisch tornou-se referência em temas como biologia estrutural, sistemas biológicos, microscopia de força atômica, modelagem molecular, bioinformática, genômica e proteômica.

Além do homenageado, a mesa oficial foi composta pelo reitor da UFRJ, Roberto Medronho; pela vice-reitora, Cássia Turci; pelo decano do CCS, Luiz Nasciutti; pela vice-diretora do IBCCF, Adriane Todeschini; e pelo professor do Instituto de Biofísica, Pedro Geraldo Pascutti, que foi o orador da sessão solene, promovida pelo Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ. De acordo com Medronho, que conhece Bisch há três décadas, a tranquilidade e humildade do docente foram marcas deixadas pelo colega sempre que, nos corredores do CCS, conversavam sobre ciência, tecnologia, ensino e inovação. Mas, além disso, o reitor da UFRJ também destacou outra característica do professor:
“Para mim, o homenageado é a essência mais pura da tradução da interdisciplinaridade. Físico de formação, graduação e pós-graduação, atuando num centro de excelência, que é o nosso IBCCF, interagindo com médicos, dentistas, pessoal da enfermagem, nutrição, todas as áreas das profissões da saúde, e trabalhando sempre na ponta do conhecimento, com reconhecimento dentro e fora do país.”
Honra de ser professor
Bisch entrou na cerimônia conduzido por sua Comissão de Honra, integrada por Celso Caruso Neves, Gilberto Weissmuller, Wanderley de Souza e Pascutti, professores do IBCCF; pela docente Débora Foguel, do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM); pelo pesquisador Laurent Dardenne, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); e pela presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho, que também é professora do IBCCF.
Além de parabenizar Bisch, a vice-reitora da UFRJ também destacou, em seu discurso, algo que certamente deixa o docente muito honrado:
“O professor Paulo falou que foi homenageado com o nome dele no centro acadêmico de Biofísica. Além disso, em uma cerimônia como esta, ver esta sala cheia de estudantes também é algo que aumenta ainda mais nossa alegria e esperança. Nossa entrada nesta casa, que é a UFRJ, deu-se por meio de concurso para ser professores. Então, para docentes como nós, esse tipo de reconhecimento é muito valoroso!”.
Sorte compartilhada
Referindo-se ao homenageado, a vice-diretora do IBCCF corroborou com o que já havia sido colocado pelo orador da sessão solene: “Um mestre, um cientista brilhante, um formador de pessoas e, como disse Pedro Pascutti, um construtor de pontes entre a física e a biologia, entre a teoria e a prática, entre diferentes gerações de cientistas e, especialmente, entre pessoas”, falou emocionada.

Também era possível ver a emoção presente na plateia: professores eméritos, diretores de unidades, representantes de pró-reitorias, docentes, pesquisadores, amigos e muitos alunos que acompanharam de pé a entrega da medalha e do título ao homenageado. Mas, além deles, Bisch lembrou e agradeceu aos seus pais, irmãos e àquela que, segundo ele, foi um dos maiores golpes de sorte de sua vida: “Finalmente tenho que confessar a imensa sorte de estar casado há mais de 40 anos com Marta Teles, uma parceira de companheirismo inigualável… Devo tudo a ela!”. Pela fala do decano do CCS, a centenária Minerva também deve muito ao homenageado:
“Essa cerimônia é o reconhecimento formal de que o professor Paulo Bisch é e continuará sendo uma referência intelectual e humana para esta Universidade. Sua trajetória nos honra, sua presença nos engrandece e seu legado seguirá iluminando os caminhos de tantos que ainda virão. Parabéns! A UFRJ é melhor porque teve e tem o senhor na sua história!”.