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Direto da Reitoria

Reitoria Itinerante discute dificuldades orçamentárias da UFRJ

Nos últimos 12 anos, os recursos destinados à Universidade caíram quase pela metade. Em 2025, apenas as despesas com água, energia, limpeza e segurança consumirão 54% de todo o orçamento

A situação orçamentária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi o tema central da última edição do projeto Reitoria Itinerante, que, na segunda-feira, 10/3, visitou o Centro de Ciências da Saúde (CCS), na Cidade Universitária, e o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), no campus Praia Vermelha. No evento, o reitor, Roberto Medronho, a vice-reitora, Cássia Turci, além de pró-reitores, superintendentes e representantes das unidades dos centros discutiram a necessidade de realocação de recursos orçamentários para o funcionamento da instituição.  

“Ao longo dos últimos 12 anos, caiu pela metade o orçamento da UFRJ. Enquanto isso, nós ampliamos em 50% as nossas vagas com o Reuni. O nosso orçamento está reduzido, e nós implantamos as cotas, as ações afirmativas. Os alunos que vêm para cá chegam com uma vulnerabilidade social e econômica muito grande. Nós precisamos de muito mais do que aqueles R$ 784 milhões do orçamento de 2012 — e estamos, em 2025,  com R$ 423 milhões, um ligeiro aumento em relação a 2024”, disse Medronho.

Uma das ações debatidas para tentar amenizar o cenário de déficit de recursos é a otimização no consumo de água e energia que, ao lado da limpeza e da segurança, representa 54% de todo o orçamento da UFRJ para manter a instituição em funcionamento em 2025. Também estão sob análise os gastos com as bolsas acadêmicas e com o Restaurante Universitário que, desde  2005, oferece refeições a R$ 2. “É justo pagar R$ 2 por uma refeição, que custa o mesmo preço há 20 anos? São distorções que temos de discutir. Os que não podem pagar, continuarão não pagando”, garantiu Medronho. Em média,  são servidas mensalmente 177 mil refeições, das quais mais de 35 mil são gratuitas, que custam anualmente R$ 31,8 milhões, de acordo com dados da PR-7 .

Outros tópicos abordados no encontro foram os contratos terceirizados, a manutenção dos campi, fontes alternativas de recursos financeiros — como emendas parlamentares, participação em editais do Governo Federal, parcerias com outras instituições, projetos de desenvolvimento institucional apoiados pelos custos indiretos de projeto (CIP). Na palestra, o reitor também falou sobre questões envolvendo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que, em 2024, assumiu a gestão de três hospitais da UFRJ, o que resultou em uma economia de aproximadamente R$ 70 milhões do orçamento da Universidade.

Ao final das apresentações, os participantes tiveram a oportunidade de se manifestar e de tirar dúvidas sobre diversos temas. No encontro do CCS, na Cidade Universitária, as principais preocupações se referiram a temas como a concessão de bolsas de extensão para alunos da graduação, entraves no processo de aplicação das resoluções para cancelamento de matrículas e a necessidade de ampliação do número de funções gratificadas. Na abertura do encontro, o grupo vocal- instrumental UFRJ In-Versos fez uma apresentação em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8/3. 

Palácio Universitário

Já na reunião realizada no CFCH, na Praia Vermelha, foram discutidas outras temáticas, também relacionadas com a situação orçamentária da UFRJ, como o mobiliário e a estrutura física de diferentes instalações da Universidade, o atual cenário de funcionamento da residência estudantil, a criação de vagas da carreira Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) para o Colégio de Aplicação (CAP) da UFRJ, e a necessidade de novas vagas para intérpretes de libras.

Reitoria Itinerante também aconteceu no Centro de Filosofia e Ciências Humanas, no campus Praia Vermelha | Foto: Ana Marina Coutinho (SGCOM/UFRJ)

Também foram levantadas preocupações sobre assuntos ligados diretamente ao cotidiano de alunos e servidores, como segurança, alimentação, transporte, estágios na graduação, problemas relacionados à participação dos estudantes que compõem a Câmara de Heteroidentificação da UFRJ, e cobrança de melhorias no dimensionamento da força de trabalho e no planejamento para distribuição de futuros servidores da Universidade.

De acordo com Medronho, a ideia é que a Reitoria Itinerante possa ser ampliada, e que futuramente venha a ser realizada em cada unidade da UFRJ. “É muito importante que possamos ver com os próprios olhos muitos dos problemas que são apontados nessas reuniões. Isso dá mais qualidade e profundidade às discussões. Também gera aprendizado,  através de algumas colocações que nos alertam para a correção de rumos”, afirmou o reitor.

A partir da exposição da situação orçamentária da Universidade, a vice-reitora destacou que as preocupações e ideias levantadas por pró-reitores, superintendentes e representantes das unidades dos centros impulsionam o trabalho da gestão superior. “Sabemos que os problemas são muitos e que a situação é bastante complexa. Mas com a ajuda e empenho de todos que participam das discussões e contribuem diariamente com a UFRJ através do trabalho, vamos, aos poucos, encontrando soluções”, disse Turci.    

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