Quem presenciou a reunião realizada na quinta-feira, 10/07, na Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), teve uma certeza: a sabedoria de Minerva realmente é atemporal. O reitor, Roberto Medronho, recebeu cinco dos veteranos gestores que já estiveram à frente da centenária instituição, em diferentes períodos da história universitária. O motivo do encontro? Além de compartilhar conquistas e desafios enfrentados pelo Gabinete, nos dois primeiros anos de sua gestão, ele ouviu atentamente as considerações dos experientes convidados em relação aos novos projetos em andamento.
Após expor brevemente as questões burocráticas e as já conhecidas limitações orçamentárias que, por vezes, retardam o andamento de ações proativas na Universidade, Medronho perguntou: “Frente a essa situação, vamos ficar parados ou correr atrás?”. A indagação foi recebida de forma otimista pelos presentes: Alexandre Pinto Cardoso (1989-1990); Nelson Maculan Filho (1990-1994); Paulo Alcantara Gomes (1994-1998); Sergio Eduardo Longo Fracalanzza (março/2003-junho/2003); Carlos Antônio Levi da Conceição (2011-2015) e Marina Szapiro, vice-diretora do Instituto de Economia, que substituiu Carlos Frederico Leão Rocha (fevereiro/2023-julho/2023).
Medronho compartilhou com os ex-reitores a existência de dois novos projetos que estão sendo encaminhados em prol de melhorias para a UFRJ: “Vamos apresentar um projeto ao Governo Federal, que reivindica à UFRJ parte dos recursos empresariais obtidos com o pré-sal. Afinal, os estudos da Universidade foram fundamentais para que se pudesse perfurar e conquistar petróleo no pré-sal, e não recebemos nada por isso. Nossa ideia também é criar um projeto Minha casa, minha vida para que possamos ter residência estudantil para atender aos alunos que necessitarem. Pensamos em deixar também uma parte desses espaços para receber alunos do exterior e docentes. Na prática, para que isso se concretize, precisamos fazer um contrato com a Caixa Econômica Federal. Depois, o empresário que ganhar a licitação recebe da Caixa para construir essas edificações na Cidade Universitária, de acordo com o nosso plano diretor. Posteriormente, é feita a entrega das chaves”, expôs animado.

Prioridades, sugestões e reconhecimento
O grupo mostrou-se bastante antenado quanto às necessidades e questões internas da UFRJ, bem como quanto às mudanças que estão sendo feitas no cotidiano. Cardoso, por exemplo, frisou que o investimento em cirurgia robótica deveria ser uma das prioridades da Universidade na área da Medicina: “Não podemos ficar sem cirurgia com robô porque isso limita o conhecimento”. Ele também reiterou a legitimidade da participação dos ex-reitores no Conselho Universitário da UFRJ (Consuni).
Levi, por sua vez, sugeriu que a busca por novos recursos globais para a Universidade também seja feita de modo setorizado, já que há apoiadores específicos para as diversas áreas abrangidas pela instituição. Observador, ele também afirmou ter ficado positivamente surpreso quando viu que as antigas placas de sinalização da UFRJ estão sendo substituídas. “Acho que esse tipo de reunião pode, de fato, produzir trocas e contribuir para que a nossa universidade supere todas as dificuldades enfrentadas. Louvo a iniciativa do convite para trocarmos impressões e também o fato de o reitor estar cheio de projetos e sonhos. Acredito que essa é a base para qualquer atividade de gestão bem-sucedida”, acrescentou Fracalanzza.

Memória e empatia
Maculan destacou a importância desse espaço de escuta, já que é um meio de fazer chegarem à Reitoria questões que, por vezes, podem passar despercebidas, dado o tamanho da UFRJ. Demonstrando empatia, também frisou que algumas das circunstâncias narradas na reunião, de certa forma, foram vivenciadas pelos integrantes do grupo, que representam uma parte da memória institucional: “Nós somos memória da UFRJ, independente da idade. Passamos por fases melhores e piores que o atual reitor. Também tivemos dificuldades, como ele, mas a Universidade merece o nosso trabalho. Tanto que estou com 82 anos, casei com a Universidade em 1971 e não me divorciei até hoje”, brincou aquele que foi o 21º reitor da UFRJ.