O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, e o economista gaúcho e líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, debateram pautas de mútuo interesse, em reunião realizada na Reitoria, nesta sexta-feira, 15/8.
Dentre os projetos em fase de estudo, está a instalação de uma usina de compostagem acelerada e de um laboratório voltado a pesquisas com micro-organismos, visando à produção de fertilizantes orgânicos para uso na agricultura. A iniciativa é pensada em cooperação com a China, onde a compostagem acelerada é amplamente difundida.
“Inicialmente, vamos trazer a tecnologia chinesa para iniciar esse processo, mas a ideia é desenvolvermos a nossa própria tecnologia. Por exemplo, eu não sei se os micro-organismos que fazem isso muito bem na China são os mesmos daqui do Brasil. Nossos pesquisadores — de todas as áreas — que trabalham com micro-organismos desenvolveriam uma solução brasileira para essa usina de compostagem rápida”, explicou Medronho.
Outra proposta é a criação de cursos de nível superior na UFRJ pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que apoia projetos de ensino voltados ao desenvolvimento das áreas de reforma agrária, direcionado a jovens e adultos moradores de assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra. Nesses moldes, estão sob análise a oferta dos cursos de Engenharia de Produção e Medicina.
“Até hoje, as universidades públicas nunca ofereceram cursos de Medicina para filhos de camponeses em nenhuma parte do Brasil. Os camponeses que nós temos formados médicos foram estudar em Cuba ou na Venezuela, o que é uma vergonha para nós”, afirmou Stédile.
A reunião também abordou como possibilidade de parceria entre a Universidade e o movimento social a compra de alimentos orgânicos produzidos nos assentamentos rurais para utilização nos Restaurantes Universitários da UFRJ.
“Nós temos investido muito dinheiro no Restaurante Universitário, e uma parceria com o MST nos ajudaria a abastecer o RU com arroz, feijão etc. produzidos nos assentamentos. Seria uma via de mão dupla: ofereceríamos comida orgânica, de melhor qualidade, e ajudaríamos a desenvolver o trabalho que o MST faz, muito importante para o país”, disse Medronho.

O encontro na Reitoria contou com a participação do pró-reitor de Gestão e Governança, Fernando Peregrino, da chefe de gabinete, Fabiana Valéria da Fonseca, e de representantes do MST: Maria Cristina Vargas, Daniel Mancio e Felipe Oteiro.
