Em resposta a texto do articulista Felipe Góes, Denise Pires de Carvalho, reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, escreveu artigo no jornal O Globo em que pontua a necessidade de financiamento público para a UFRJ e as 68 universidades federais.
“Atualmente, uma das maiores falácias divulgadas por analistas desinformados acerca das universidades federais é de que elas deveriam encontrar fontes alternativas de receita para desafogar os cofres públicos”, inicia.
Segundo a reitora, “o principal limitador do uso de recursos do nosso patrimônio não é a gestão da Universidade, mas a legislação brasileira. Ela impede que a UFRJ use recursos excedentes de receitas próprias para sua gestão, limitando seu orçamento ao que está na Lei Orçamentária Anual (LOA)”. A UFRJ tem ultrapassado as metas de arrecadação de recursos próprios, e eles são confiscados. À medida que novos recursos são obtidos, os aportes são reduzidos, desincentivando qualquer busca de receita.
Um dos pontos de desinformação do artigo de Felipe Góes foi a situação do antigo Canecão. De acordo com o texto assinado pela reitora, a casa de espetáculos foi retomada em razão da falta de pagamento de aluguéis por sucessivos anos, não gerando nenhuma receita para a UFRJ. “A edificação recebida não mantinha condições mínimas de segurança, e a legislação municipal não permitia ali a presença de uma casa de espetáculos (por mais incrível que isso possa parecer). A atual gestão da UFRJ tomou a iniciativa de solicitar ao prefeito Eduardo Paes a mudança da legislação de uso do terreno. A lei, aprovada em janeiro deste ano, possibilita a existência de um equipamento cultural na área, e a UFRJ tem trabalhado, em conjunto com o BNDES e um consórcio contratado, na preparação de uma licitação que deverá ocorrer ainda neste ano”, salientou Denise, que ainda convidou o articulista e o leitor a consultarem o texto Parceria por um novo Canecão, publicado no jornal O Globo em 25/2, assinado por ela e pelo vice-reitor, Carlos Frederico Leão Rocha.
Em seu artigo, Felipe Góes, dono da São Carlos, administradora de imóveis, disse que “uma visita ao campus na Ilha do Fundão desmotiva qualquer um”. Denise rebateu a declaração: “Uma visita a nossos campi é motivo de orgulho para a sociedade brasileira. Pesquisamos temas que vão da formação das galáxias e transição energética à mente humana. Somos mais de 4 mil professores pesquisadores, 65 mil estudantes e 9 mil técnicos que atuam em mais de 170 cursos de graduação, 130 programas de pós-graduação, mais de 1.450 laboratórios e nove unidades hospitalares. Os investimentos nessas áreas são trampolim para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, como ocorre em todos os países do mundo desenvolvido”.