Presidente da Capes abre ano letivo da pós-graduação da UFRJ

O Auditório Professor Rodolpho Paulo Rocco (antigo Quinhentão), do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi palco da aula inaugural que simboliza o início das atividades acadêmicas da pós-graduação em 2025. A aula, que aconteceu na terça-feira, dia 8/4, foi ministrada pela professora, ex-reitora da UFRJ e presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho.

Intitulada Ciência, Tecnologia e Inovação como Motor do Desenvolvimento Brasileiro: A Importância da Pós-Graduação, a palestra trouxe reflexões sobre o impacto da pós-graduação no avanço científico do país, mostrando o histórico do desenvolvimento dos estudos científicos no Brasil, além de utilizar dados para a visualização do atual cenário de programas, pesquisas e bolsas.

O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, abriu a cerimônia destacando a importância de se investir em educação, ciência, tecnologia e inovação. “Certamente, sem educação, sem ciência, tecnologia e inovação, nós não conseguiremos fazer o que a nossa sociedade precisa, especialmente em um país com uma desigualdade vergonhosa, especialmente em um país que precisa repensar o seu modelo de financiamento”, afirmou Medronho.

A pós-graduação no Brasil

Com dados informativos relevantes e a ajuda de gráficos, Denise  lembrou que a ciência brasileira, instituída e institucionalizada, possui menos de 100 anos, com a primeira tese de doutorado da UFRJ sendo concluída em 1966. A presidente da Capes contou que os cursos de pós-graduação começaram a aumentar no país a partir de 2004, quando foi criado o Reuni, Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, ela destacou que a partir de 2016 se observou a redução na velocidade da criação de cursos.

“É necessário que haja implantação de cursos de pós-graduação cada vez que uma nova universidade é criada, um novo campus é instituído no sistema federal. E essa diminuição da velocidade foi decorrente de vários fatores. O principal deles foi o subfinanciamento do sistema, que começou em 2016”, salientou Denise.

A palestrante mostrou que, até 2010, apenas Rio de Janeiro  e São Paulo eram responsáveis por mais da metade da produção científica nacional. No entanto, esse panorama começou a mudar após o processo de interiorização das universidades promovido pelo Reuni. “Temos o restante do Brasil se acendendo em termos de produção científica. É possível fazer com que o país  se desenvolva como um todo. Nós vamos virar essa página do subdesenvolvimento”, afirmou ela.

Universidades públicas produzindo ciência

Também foi possível observar que o ambiente das universidades públicas destoa do restante das instituições de educação quando o assunto é o ensino e a vivência da metodologia científica. A professora mostrou que é necessário atrair estudantes desses locais para que sejam iniciados na ciência: “A maior parte dos cursos de graduação do país não tem bolsas de iniciação científica. Oitenta e quatro por cento  das matrículas são de instituições federais e estaduais. O mestrado precisa ser visto de uma maneira diferente no nosso país. Um momento de efetivamente divulgarmos a ciência entre todos aqueles que são graduados”.

A presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, durante a aula inaugural que marcou a o início das atividades acadêmicas da pós-graduação na UFRJ em 2025 | Foto: Ana Marina Coutinho (SGCOM/UFRJ)

Bolsas

O atual  modelo de distribuição de bolsas também foi pauta no encontro. Denise Carvalho salientou que são  necessárias ações estratégicas para a concessão dessas bolsas, que vão além da distribuição dos programas institucionais. Uma dessas ações foi colocada em prática em 2024 pela Capes, ao conceder também um percentual das bolsas dos programas de excelência para as pró-reitorias. “Queremos premiar a excelência. Nas universidades que obtiverem um número maior de programas de excelência, o pró-reitor terá um número maior de bolsas a serem distribuídas”, explicou.

A presidente da Capes afirmou ainda que a extensão também terá papel fundamental no âmbito da pós-graduação, beneficiando programas que atuem nesse sentido. “Quanto mais bolsas nos programas Proex, mais a pró-reitoria terá bolsas a serem distribuídas em projetos e programas institucionais. A UFRJ, neste ano, é a universidade que mais recebe bolsas de pró-reitoria. Houve essa política implantada em 2024 e o pró-reitor fez um excelente trabalho, distribuindo essas bolsas”, lembrou.

Denise detalhou, ainda, que o planejamento junto ao governo federal é para que o número de concessões de bolsas siga crescendo, tendo como base o ano de 2014, quando 42% dos mestrandos e doutorandos tinham bolsa Capes. “A média nacional em 2023 está em 37%, tanto para mestrado quanto doutorado. Agora as de doutorado estão se aproximando dos 42% e as de mestrado ainda estão em 34%”, informou.

A palestrante destacou que a Capes observa três dimensões para a concessão das bolsas. A primeira é a excelência, sendo observada por meio das notas dos programas. O segundo fator do modelo é a localização do programa. Se o curso está em um município de baixo IDH, por exemplo, e for avaliado com nota 6, ganhará mais do que um curso com a mesma nota localizado em uma cidade com o IDH maior. A terceira dimensão é a titulação, sendo observada a média de titulados em quatro anos.

Realizações e projetos

“No atual governo, a partir de 2023, tivemos o reajuste das bolsas de pós-graduação, o aumento no quantitativo de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, dentro do que podemos, embora saibamos que ainda não é suficiente. Aumentamos o quantitativo de bolsas no exterior, aumentamos a mobilidade acadêmica entre países da América Latina e Caribe, aumentamos o número de vagas e os cursos da Universidade Aberta do Brasil, que volta a ser financiada”, concluiu Denise.

A presidente da Capes também agradeceu a participação de docentes da UFRJ na construção do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) e demonstrou diversas parcerias com outras instituições para alavancar ainda mais o desenvolvimento dos estudos científicos no Brasil, além de destacar iniciativas que a  própria Capes vem desenvolvendo.  

UFRJ sediará Fórum de Reitores das universidades do Brics em junho

O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, esteve nesta semana em Brasília, onde realizou uma série de encontros para discutir parcerias, novas iniciativas e o planejamento de eventos internacionais que acontecerão em 2025. Maior universidade federal do país, a UFRJ foi escolhida para sediar o Fórum de Reitores das universidades dos Países do Brics, que ocorrerá no início de junho (dias 5 e 6/6). 

Na terça-feira (25/3), Medronho reuniu-se no Palácio do Planalto com o ministro Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, a fim de discutir os preparativos para o fórum, que reunirá reitores de universidades nacionais e dos países do Brics Plus – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e os recém-incluídos Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia. 

Ministro Celso Amorim recebeu o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, no Palácio do Planalto | Foto: Divulgação

O Fórum de Reitores está sob coordenação da UFRJ, da  Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e do Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Ensino do Estado do Rio de Janeiro (Friperj). 

Honoris causa 
Na quarta-feira (26/3), a parceria entre as universidades e as empresas chinesas com a UFRJ foi tema do encontro entre Medronho e o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao. Na reunião, que ocorreu na residência oficial do embaixador chinês, em Brasília, foi discutida a organização da visita da delegação da UFRJ à China em maio, além do Fórum de Reitores dos países do Brics. 

Durante o encontro, Medronho e Zhu Qingqiao também conversaram sobre a cerimônia de concessão do título de honoris causa ao presidente da República Popular da China, Xi Jinping. Uma das possibilidades levadas pelo reitor da UFRJ é que o título seja dado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva ao presidente chinês. O embaixador e o reitor trataram ainda da criação do Instituto Confúcio e do curso de graduação em Mandarim, ambos na UFRJ.

Em seu périplo por Brasília, Medronho se reuniu com a presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho, e com o diretor de Relações Internacionais também da Capes, Rui Oppermann. Denise Pires, que é ex-reitora e professora titular da UFRJ, aceitou o convite oficial para proferir conferência na abertura do ano letivo da pós-graduação da Universidade, no dia 8/4, às 10 horas.

Roberto Medronho em reunião com a presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, e com o diretor de Relações Internacionais da Fundação, Rui Oppermann | Foto: Divulgação

No encontro, na quarta-feira (26/3), Medronho e Denise Pires também conversaram sobre dois importantes eventos, que ocorrerão no Rio de Janeiro, no início de junho: a Aliança de Reitores do Brasil, Rússia e Bielorrússia (4/6) e o Fórum de Reitores dos países do Brics (5 e 6/6).

Reuniões

Além desses encontros, o reitor da UFRJ também teve reuniões nos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), das Relações Exteriores (MRE) e do Planejamento e Orçamento (MPO). Na quarta-feira (26/6), Medronho tratou da proposta de participação de universidades e institutos de pesquisa na Nova Indústria Brasil (NIB), programa do governo brasileiro que visa modernizar e revitalizar a indústria do país. Ainda na quarta-feira, o reitor discutiu o mesmo tema em reunião com a secretária Nacional de Planejamento, Virgínia de Ângelis Oliveira de Paula. 

Além disso, o reitor esteve com o embaixador Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto, no Palácio Itamaraty, a fim de conversar sobre os preparativos para a realização do Fórum de Reitores do Brics. Roberto Medronho também participou, em Brasília, da reunião do Conselho da Andifes. 

Projeto Reitoria Itinerante visita o Centro de Tecnologia da UFRJ

Mais uma edição da Reitoria Itinerante foi realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dessa vez, o projeto visitou o Centro de Tecnologia (CT), na Cidade Universitária, na segunda-feira, 24/3. O tema central foi, mais uma vez, a situação orçamentária da UFRJ. Participaram do encontro o reitor, Roberto Medronho, a vice-reitora, Cássia Turci, além de pró-reitores, superintendentes e representantes das unidades do centro. 

Uma apresentação mostrou o orçamento discricionário – aquele destinado à manutenção da instituição – entre os anos de 2011 e 2024, período em que o orçamento da Universidade caiu pela metade. Assim como nas edições anteriores do projeto, foram debatidas ações para tentar amenizar o cenário de déficit de recursos. “Nesses 12 anos, perdemos a metade do orçamento, mas ampliamos em 50% o número de vagas com Reuni, e em 50% a quantidade de alunos vindos de ações afirmativas”, destacou o reitor.

Também foram exibidas algumas projeções de gastos para o ano de 2025, como manutenção das áreas verdes e externas, coleta de resíduos, instalação de cancelas automáticas nos centros, ampliação do sistema de monitoramento por vídeo, além da análise dos gastos com as bolsas acadêmicas e com os restaurantes universitários. “Definimos como prioridade a manutenção dos campi. Também vamos ter que reavaliar algumas questões, como, por exemplo, a redução com as despesas com a frota de veículos da Universidade”, afirmou Medronho.

Debates

Além de debater questões envolvendo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ainda foram destacadas possíveis fontes alternativas de recursos financeiros para a Universidade, como emendas parlamentares, participação em editais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), parcerias e projetos de desenvolvimento institucional apoiados pelos custos indiretos de projeto (CIP).

Os participantes puderam se manifestar e tirar dúvidas sobre diferentes temas. Entre as principais preocupações, destacaram-se as que se referiram às bolsas estudantis, à segurança nos estacionamentos do CT e à situação dos permissionários e da infraestrutura das cantinas e lanchonetes do centro. Também foi discutida a situação de alojamentos tipo container localizados próximo ao Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). 

Reitor da UFRJ apresenta detalhes do orçamento da instituição | Foto: Ana Marina Coutinho (SGCOM/UFRJ)

A vice-reitora salientou a importância das discussões realizadas no projeto Reitoria Itinerante para aproximar a comunidade acadêmica e demonstrar as ações que têm sido feitas para solucionar os problemas da instituição. “Estamos trabalhando a questão da comunicação, porque é muito importante que todos saibam o que está acontecendo. E esse diálogo deve se desenvolver ainda mais, e permanecer sempre bem forte”, afirmou Cássia Turci.

Durante o encontro, trabalhadores terceirizados da UFRJ no CT se manifestaram contra uma das empresas contratadas pela Universidade, alegando uma série de irregularidades no pagamento e no tratamento aos funcionários. Após a fala dos trabalhadores, o reitor repudiou a situação e afirmou que os órgãos competentes da UFRJ seriam acionados para que os problemas fossem solucionados da melhor forma possível.

Este foi o terceiro encontro da Reitoria Itinerante realizado neste mês de março. No último dia 10/3, o projeto visitou o Centro de Ciências da Saúde (CCS), na Cidade Universitária, e o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), no campus Praia Vermelha.

Reitoria Itinerante discute dificuldades orçamentárias da UFRJ

A situação orçamentária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi o tema central da última edição do projeto Reitoria Itinerante, que, na segunda-feira, 10/3, visitou o Centro de Ciências da Saúde (CCS), na Cidade Universitária, e o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), no campus Praia Vermelha. No evento, o reitor, Roberto Medronho, a vice-reitora, Cássia Turci, além de pró-reitores, superintendentes e representantes das unidades dos centros discutiram a necessidade de realocação de recursos orçamentários para o funcionamento da instituição.  

“Ao longo dos últimos 12 anos, caiu pela metade o orçamento da UFRJ. Enquanto isso, nós ampliamos em 50% as nossas vagas com o Reuni. O nosso orçamento está reduzido, e nós implantamos as cotas, as ações afirmativas. Os alunos que vêm para cá chegam com uma vulnerabilidade social e econômica muito grande. Nós precisamos de muito mais do que aqueles R$ 784 milhões do orçamento de 2012 — e estamos, em 2025,  com R$ 423 milhões, um ligeiro aumento em relação a 2024”, disse Medronho.

Uma das ações debatidas para tentar amenizar o cenário de déficit de recursos é a otimização no consumo de água e energia que, ao lado da limpeza e da segurança, representa 54% de todo o orçamento da UFRJ para manter a instituição em funcionamento em 2025. Também estão sob análise os gastos com as bolsas acadêmicas e com o Restaurante Universitário que, desde  2005, oferece refeições a R$ 2. “É justo pagar R$ 2 por uma refeição, que custa o mesmo preço há 20 anos? São distorções que temos de discutir. Os que não podem pagar, continuarão não pagando”, garantiu Medronho. Em média,  são servidas mensalmente 177 mil refeições, das quais mais de 35 mil são gratuitas, que custam anualmente R$ 31,8 milhões, de acordo com dados da PR-7 .

Outros tópicos abordados no encontro foram os contratos terceirizados, a manutenção dos campi, fontes alternativas de recursos financeiros — como emendas parlamentares, participação em editais do Governo Federal, parcerias com outras instituições, projetos de desenvolvimento institucional apoiados pelos custos indiretos de projeto (CIP). Na palestra, o reitor também falou sobre questões envolvendo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que, em 2024, assumiu a gestão de três hospitais da UFRJ, o que resultou em uma economia de aproximadamente R$ 70 milhões do orçamento da Universidade.

Ao final das apresentações, os participantes tiveram a oportunidade de se manifestar e de tirar dúvidas sobre diversos temas. No encontro do CCS, na Cidade Universitária, as principais preocupações se referiram a temas como a concessão de bolsas de extensão para alunos da graduação, entraves no processo de aplicação das resoluções para cancelamento de matrículas e a necessidade de ampliação do número de funções gratificadas. Na abertura do encontro, o grupo vocal- instrumental UFRJ In-Versos fez uma apresentação em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8/3. 

Palácio Universitário

Já na reunião realizada no CFCH, na Praia Vermelha, foram discutidas outras temáticas, também relacionadas com a situação orçamentária da UFRJ, como o mobiliário e a estrutura física de diferentes instalações da Universidade, o atual cenário de funcionamento da residência estudantil, a criação de vagas da carreira Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) para o Colégio de Aplicação (CAP) da UFRJ, e a necessidade de novas vagas para intérpretes de libras.

Reitoria Itinerante também aconteceu no Centro de Filosofia e Ciências Humanas, no campus Praia Vermelha | Foto: Ana Marina Coutinho (SGCOM/UFRJ)

Também foram levantadas preocupações sobre assuntos ligados diretamente ao cotidiano de alunos e servidores, como segurança, alimentação, transporte, estágios na graduação, problemas relacionados à participação dos estudantes que compõem a Câmara de Heteroidentificação da UFRJ, e cobrança de melhorias no dimensionamento da força de trabalho e no planejamento para distribuição de futuros servidores da Universidade.

De acordo com Medronho, a ideia é que a Reitoria Itinerante possa ser ampliada, e que futuramente venha a ser realizada em cada unidade da UFRJ. “É muito importante que possamos ver com os próprios olhos muitos dos problemas que são apontados nessas reuniões. Isso dá mais qualidade e profundidade às discussões. Também gera aprendizado,  através de algumas colocações que nos alertam para a correção de rumos”, afirmou o reitor.

A partir da exposição da situação orçamentária da Universidade, a vice-reitora destacou que as preocupações e ideias levantadas por pró-reitores, superintendentes e representantes das unidades dos centros impulsionam o trabalho da gestão superior. “Sabemos que os problemas são muitos e que a situação é bastante complexa. Mas com a ajuda e empenho de todos que participam das discussões e contribuem diariamente com a UFRJ através do trabalho, vamos, aos poucos, encontrando soluções”, disse Turci.    

Cravista Roberto de Regina recebe título de doutor honoris causa da UFRJ

O cravista, regente e luthier Roberto de Regina recebeu nesta sexta-feira, 21/2, o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A cerimônia ocorreu remotamente, com transmissão ao vivo pelo YouTube da UFRJ. O músico foi representado presencialmente pelo sobrinho Edson Lemos. 

A iniciativa de concessão do título partiu do Departamento de Instrumentos de Teclado, sendo aprovada pela Congregação da Escola de Música (EM) da UFRJ em 12/4/2024 e pelo Conselho Universitário em 28/11/2024. 

Aos 97 anos de idade, Roberto de Regina tem uma trajetória marcada pela versatilidade. Como cravista se destacou no cenário nacional desde a década de 1940, atuando também como regente. Já como luthier, conseguiu alterar a trajetória da cena musical brasileira. Foi o primeiro construtor brasileiro de cravo no século XX, contribuindo para a difusão do instrumento no país.

Na cerimônia de concessão do título, a trajetória de Roberto de Regina foi apresentada pelo professor da EM Marcelo Fagerlande, que destacou que a influência do trabalho do músico foi fundamental para a criação do bacharelado em Cravo da UFRJ. “Se hoje é possível oferecer a jovens brasileiros uma formação universitária em um instrumento que ele tanto defendeu, e que brilhantemente divulgou, é porque plantou muitas sementes”, salientou.

A longa trajetória artística permite avaliar a contribuição de Roberto de Regina à cena musical brasileira e internacional, seja como intérprete, professor,  formador de plateias, e também como influência para músicos que nele se inspiram. “Essas sementes estão esparramadas. Roberto é uma pessoa que realmente se dedicou à profissão. Foi um construtor de vidas”, afirmou o vice-diretor da EM, professor Marcelo Jardim.

A representante da Decania do Centro de Letras e Artes (CLA) da UFRJ, professora Maria Clara Amado Martins, lembrou que a vida e obra do artista serão representadas nas telas, através de O Cravista. O longa-metragem documental está sendo produzido com direção e roteiro de Luiz Eduardo Ozório. “É uma nova mídia que com certeza vai perpetuar a sua importância enquanto grande representante da história da música clássica no país e no mundo. Ser responsável pela construção do primeiro cravo brasileiro e pela difusão em nossas terras o coloca como referência para todas as gerações, do passado, do presente e do futuro”, destacou Martins.

Já a vice-reitora da UFRJ, Cássia Turci, salientou a importância de homenagear em vida pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do país, principalmente por meio da arte. “Precisamos trabalhar cada vez mais por uma sociedade igualitária, mais humana, mais justa, mais amorosa. Isso nós conseguiremos se, de fato, reconhecermos as pessoas que fazem desse país um país diferente. E a música é algo que nos aproxima sempre”, afirmou Turci.

Reitor da UFRJ, Roberto Medronho, entrega título de doutor honoris causa a Edson Lemos, sobrinho de Roberto de Regina | Foto: Fábio Caffé

O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, também destacou que a honraria enaltece ainda mais a trajetória do artista que influenciou várias gerações, colocando-o em um panteão dos grandes nomes formados pela Faculdade Nacional de Medicina e também dos grandes nomes agraciados com o título de doutor honoris causa da UFRJ. “Para muitas personalidades, a outorga de um título honorífico é honra muito mais para a instituição do que para o próprio homenageado, que já demonstrou toda a sua honorabilidade por toda a vida. Roberto de Regina é um deles”, salientou.

Doutor honoris causa

O cravista, regente e luthier Roberto de Regina | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

“Existe coisa mais viva do que a vibração de uma corda produzindo um som, ou a vibração de uma cor que briga às vezes com o ambiente ou que se harmoniza com ele?” Foi com esse questionamento, e demonstrando ser um privilegiado por ter vivenciado diferentes experiências no mundo da música, que Roberto de Regina agradeceu por ser homenageado com o título de doutor honoris causa pela UFRJ.

Formado em Medicina pela Universidade em 1952, Roberto de Regina já se dedicava à música nos tempos de estudante, atividade que acabou prevalecendo e o destacou no cenário nacional. Com o título, a relação da Universidade Federal do Rio de Janeiro com o músico se torna ainda mais estreita, perpetuando-se na história da instituição e também do artista. “Quero agradecer de maneira penhorada a essa homenagem de valor inimaginável, que foi o meu reconhecimento na Universidade, e espero que a nossa convivência musical, artística, sonora e visual permaneça por muito, muito tempo”, afirmou Roberto de Regina.

UFRJ concederá título de doutor honoris causa a cravista, regente e luthier Roberto de Regina

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizará nesta sexta-feira, 21/2, a cerimônia de concessão do título de Doutor Honoris Causa a Roberto de Regina. Reconhecido nacionalmente, o músico é associado ao cravo e à interpretação musical dos séculos XVI, XVII e XVIII. A cerimônia acontecerá remotamente, com transmissão on-line, a partir das 10 horas.

A proposta de concessão do título ao regente, cravista e luthier partiu de iniciativa do Departamento de Instrumentos de Teclado, sendo aprovada pela Congregação da Escola de Música da UFRJ em 12/4/2024 e pelo Conselho Universitário em 28/11/2024. Formado em Medicina pela UFRJ, em 1952, Roberto de Regina já se dedicava à música nos tempos de estudante, atividade que acabou prevalecendo e o destacou no cenário nacional.

Cravista, regente e luthier 

Roberto de Regina teve um papel relevante ainda jovem, ao ser um dos responsáveis pela difusão da música vocal do compositor alemão J. S. Bach, desde a década de 1940. A dedicação ao cravo e à interpretação da música barroca teve início em 1959, quando gravou o primeiro disco brasileiro no instrumento. 

Em 1973, participou, com grande sucesso, de um concerto com Aurèle Nicolet, um dos maiores flautistas da época. A partir de 1974, focou na realização de recitais solo, realizados em espaços variados, como na Sala Cecília Meireles, Casa de Rui Barbosa e Teatro Senac, com obras de Couperin, Lully, Bach, Purcell entre outros. 

Entre 1978 e 1999, desenvolveu seus recitais em espaços alternativos, como o Teatro da Reitoria da UFF, o Planetário da Gávea, o Teatro Vanucci, o auditório da Sondotécnica, o Jóquei Clube, o Espaço BNDES, a Igreja do Outeiro da Glória, o Centro Cultural Cândido Mendes e a Uerj, onde participou da série Uerj Clássica. 

Paralelamente às atividades de cravista e regente, o trabalho de Roberto de Regina como luthier é um divisor de águas na cena musical brasileira. A partir da década de 1960, tornou-se o primeiro construtor brasileiro do instrumento no século XX, o que permitiu que muitos pudessem começar a tocá-lo, sem a necessidade de recorrer à importação, contribuindo para a difusão do instrumento no país.

O presente e o legado

O músico  teve  presença destacada em diversas rádios do país, como a Rádio MEC, o Jornal do Brasil e o programa Clássicos JB. Suas múltiplas atividades profissionais ainda incluíram palestras, cursos e presenças como professor de cravo em festivais de música pelo país. Sua discografia contabiliza 26 álbuns e cinco DVDs, tendo recebido o Prêmio Sharp na categoria música instrumental. 

A obra e a trajetória de Roberto de Regina têm inspirado outros músicos e vêm, há décadas, formando e conquistando plateias para a música barroca e para o cravo. A longeva atividade de intérprete se mantém até hoje. Aos 97 anos de idade, desempenha ainda o papel de agitador cultural, que se manifesta no Centro Cultural que criou, a Capela Magdalena, em Guaratiba, no Rio de Janeiro. 

Criado para funcionar como uma “escola de cravo”, o local acabou se desenvolvendo de outra forma, transformando-se em espaço de difusão de diversos outros tipos de conhecimento. Hoje, estimula músicos em cursos, aulas particulares e recitais.

A concessão do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de celebrar os mais de 70 anos de atividades artísticas de Roberto de Regina, reconhece a contribuição para a difusão da cultura e da arte no Brasil e para a formação profissional de inúmeros músicos que se inspiraram em sua obra.

A cerimônia de concessão do título de Doutor Honoris Causa a Roberto de Regina acontecerá às 10h do dia 21/2/2025, na Reitoria da UFRJ, com transmissão ao vivo pelo YouTube da UFRJ.

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