Cravista Roberto de Regina recebe título de doutor honoris causa da UFRJ

O cravista, regente e luthier Roberto de Regina recebeu nesta sexta-feira, 21/2, o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A cerimônia ocorreu remotamente, com transmissão ao vivo pelo YouTube da UFRJ. O músico foi representado presencialmente pelo sobrinho Edson Lemos. 

A iniciativa de concessão do título partiu do Departamento de Instrumentos de Teclado, sendo aprovada pela Congregação da Escola de Música (EM) da UFRJ em 12/4/2024 e pelo Conselho Universitário em 28/11/2024. 

Aos 97 anos de idade, Roberto de Regina tem uma trajetória marcada pela versatilidade. Como cravista se destacou no cenário nacional desde a década de 1940, atuando também como regente. Já como luthier, conseguiu alterar a trajetória da cena musical brasileira. Foi o primeiro construtor brasileiro de cravo no século XX, contribuindo para a difusão do instrumento no país.

Na cerimônia de concessão do título, a trajetória de Roberto de Regina foi apresentada pelo professor da EM Marcelo Fagerlande, que destacou que a influência do trabalho do músico foi fundamental para a criação do bacharelado em Cravo da UFRJ. “Se hoje é possível oferecer a jovens brasileiros uma formação universitária em um instrumento que ele tanto defendeu, e que brilhantemente divulgou, é porque plantou muitas sementes”, salientou.

A longa trajetória artística permite avaliar a contribuição de Roberto de Regina à cena musical brasileira e internacional, seja como intérprete, professor,  formador de plateias, e também como influência para músicos que nele se inspiram. “Essas sementes estão esparramadas. Roberto é uma pessoa que realmente se dedicou à profissão. Foi um construtor de vidas”, afirmou o vice-diretor da EM, professor Marcelo Jardim.

A representante da Decania do Centro de Letras e Artes (CLA) da UFRJ, professora Maria Clara Amado Martins, lembrou que a vida e obra do artista serão representadas nas telas, através de O Cravista. O longa-metragem documental está sendo produzido com direção e roteiro de Luiz Eduardo Ozório. “É uma nova mídia que com certeza vai perpetuar a sua importância enquanto grande representante da história da música clássica no país e no mundo. Ser responsável pela construção do primeiro cravo brasileiro e pela difusão em nossas terras o coloca como referência para todas as gerações, do passado, do presente e do futuro”, destacou Martins.

Já a vice-reitora da UFRJ, Cássia Turci, salientou a importância de homenagear em vida pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do país, principalmente por meio da arte. “Precisamos trabalhar cada vez mais por uma sociedade igualitária, mais humana, mais justa, mais amorosa. Isso nós conseguiremos se, de fato, reconhecermos as pessoas que fazem desse país um país diferente. E a música é algo que nos aproxima sempre”, afirmou Turci.

Reitor da UFRJ, Roberto Medronho, entrega título de doutor honoris causa a Edson Lemos, sobrinho de Roberto de Regina | Foto: Fábio Caffé

O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, também destacou que a honraria enaltece ainda mais a trajetória do artista que influenciou várias gerações, colocando-o em um panteão dos grandes nomes formados pela Faculdade Nacional de Medicina e também dos grandes nomes agraciados com o título de doutor honoris causa da UFRJ. “Para muitas personalidades, a outorga de um título honorífico é honra muito mais para a instituição do que para o próprio homenageado, que já demonstrou toda a sua honorabilidade por toda a vida. Roberto de Regina é um deles”, salientou.

Doutor honoris causa

O cravista, regente e luthier Roberto de Regina | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

“Existe coisa mais viva do que a vibração de uma corda produzindo um som, ou a vibração de uma cor que briga às vezes com o ambiente ou que se harmoniza com ele?” Foi com esse questionamento, e demonstrando ser um privilegiado por ter vivenciado diferentes experiências no mundo da música, que Roberto de Regina agradeceu por ser homenageado com o título de doutor honoris causa pela UFRJ.

Formado em Medicina pela Universidade em 1952, Roberto de Regina já se dedicava à música nos tempos de estudante, atividade que acabou prevalecendo e o destacou no cenário nacional. Com o título, a relação da Universidade Federal do Rio de Janeiro com o músico se torna ainda mais estreita, perpetuando-se na história da instituição e também do artista. “Quero agradecer de maneira penhorada a essa homenagem de valor inimaginável, que foi o meu reconhecimento na Universidade, e espero que a nossa convivência musical, artística, sonora e visual permaneça por muito, muito tempo”, afirmou Roberto de Regina.

Medronho pede ampliação de cargos para reestruturação e funcionamento da UFRJ

Em encontro com a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, solicitou o aumento do número de cargos de direção e funções gratificadas, considerados essenciais para a reestruturação e funcionamento da instituição. Na reunião com a ministra, o reitor entregou estudo mostrando a necessidade de novos cargos para a Universidade.

Maior universidade federal do país, a UFRJ tem hoje mais de 70 mil estudantes, 3.959 docentes e 8.184 servidores. Conta, ainda, com 175 cursos de graduação, 134 programas de pós-graduação, 6 cursos de aperfeiçoamento, 332 cursos de especialização, 1.943 laboratórios, além de 9 hospitais, 8 museus e 43 bibliotecas. Apesar dessa expansão, o número de cargos não acompanhou o crescimento estrutural, o que tem impactado o funcionamento da Universidade, segundo o reitor.

Medronho foi a Brasília esta semana para participar de reunião da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e debater o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O reitor aproveitou a viagem para apresentar a reivindicação por mais cargos para a UFRJ e também convidar Esther Dweck para dar aula magna no dia 14/4, evento que marca a abertura do ano letivo de 2025. A ministra é professora do Instituto de Economia (IE) da Universidade. 

UFRJ concederá título de doutor honoris causa a cravista, regente e luthier Roberto de Regina

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizará nesta sexta-feira, 21/2, a cerimônia de concessão do título de Doutor Honoris Causa a Roberto de Regina. Reconhecido nacionalmente, o músico é associado ao cravo e à interpretação musical dos séculos XVI, XVII e XVIII. A cerimônia acontecerá remotamente, com transmissão on-line, a partir das 10 horas.

A proposta de concessão do título ao regente, cravista e luthier partiu de iniciativa do Departamento de Instrumentos de Teclado, sendo aprovada pela Congregação da Escola de Música da UFRJ em 12/4/2024 e pelo Conselho Universitário em 28/11/2024. Formado em Medicina pela UFRJ, em 1952, Roberto de Regina já se dedicava à música nos tempos de estudante, atividade que acabou prevalecendo e o destacou no cenário nacional.

Cravista, regente e luthier 

Roberto de Regina teve um papel relevante ainda jovem, ao ser um dos responsáveis pela difusão da música vocal do compositor alemão J. S. Bach, desde a década de 1940. A dedicação ao cravo e à interpretação da música barroca teve início em 1959, quando gravou o primeiro disco brasileiro no instrumento. 

Em 1973, participou, com grande sucesso, de um concerto com Aurèle Nicolet, um dos maiores flautistas da época. A partir de 1974, focou na realização de recitais solo, realizados em espaços variados, como na Sala Cecília Meireles, Casa de Rui Barbosa e Teatro Senac, com obras de Couperin, Lully, Bach, Purcell entre outros. 

Entre 1978 e 1999, desenvolveu seus recitais em espaços alternativos, como o Teatro da Reitoria da UFF, o Planetário da Gávea, o Teatro Vanucci, o auditório da Sondotécnica, o Jóquei Clube, o Espaço BNDES, a Igreja do Outeiro da Glória, o Centro Cultural Cândido Mendes e a Uerj, onde participou da série Uerj Clássica. 

Paralelamente às atividades de cravista e regente, o trabalho de Roberto de Regina como luthier é um divisor de águas na cena musical brasileira. A partir da década de 1960, tornou-se o primeiro construtor brasileiro do instrumento no século XX, o que permitiu que muitos pudessem começar a tocá-lo, sem a necessidade de recorrer à importação, contribuindo para a difusão do instrumento no país.

O presente e o legado

O músico  teve  presença destacada em diversas rádios do país, como a Rádio MEC, o Jornal do Brasil e o programa Clássicos JB. Suas múltiplas atividades profissionais ainda incluíram palestras, cursos e presenças como professor de cravo em festivais de música pelo país. Sua discografia contabiliza 26 álbuns e cinco DVDs, tendo recebido o Prêmio Sharp na categoria música instrumental. 

A obra e a trajetória de Roberto de Regina têm inspirado outros músicos e vêm, há décadas, formando e conquistando plateias para a música barroca e para o cravo. A longeva atividade de intérprete se mantém até hoje. Aos 97 anos de idade, desempenha ainda o papel de agitador cultural, que se manifesta no Centro Cultural que criou, a Capela Magdalena, em Guaratiba, no Rio de Janeiro. 

Criado para funcionar como uma “escola de cravo”, o local acabou se desenvolvendo de outra forma, transformando-se em espaço de difusão de diversos outros tipos de conhecimento. Hoje, estimula músicos em cursos, aulas particulares e recitais.

A concessão do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de celebrar os mais de 70 anos de atividades artísticas de Roberto de Regina, reconhece a contribuição para a difusão da cultura e da arte no Brasil e para a formação profissional de inúmeros músicos que se inspiraram em sua obra.

A cerimônia de concessão do título de Doutor Honoris Causa a Roberto de Regina acontecerá às 10h do dia 21/2/2025, na Reitoria da UFRJ, com transmissão ao vivo pelo YouTube da UFRJ.

UFRJ e estatal chinesa se reúnem para a criação de centro de inovação com foco em energia

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a China National Offshore Oil Corporation (Cnooc), uma das principais empresas de energia da China, vão unir forças para a criação de um importante centro de inovação, previsto para ser instalado em um dos prédios do Parque Tecnológico, na Cidade Universitária. O novo acordo, ainda em fase de negociação, acontece após a criação do Instituto China-Brasil de Engenheiros de Destaque e do Instituto Brasil-China de Inovação, Ciência e Tecnologia, em novembro de 2024.

As tratativas iniciais, fruto do estreitamento das relações entre a Universidade e o governo chinês, aconteceram nesta terça-feira, 4/2, em reunião realizada no prédio da Reitoria. Dela, participaram o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, a chefe de gabinete, Fabiana Valéria da Fonseca, o presidente da Cnooc Brasil, Huang Yehua, e o professor emérito da UFRJ Segen Estefen, diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (Inpo) e coordenador do Grupo de Energia Renovável no Oceano (Gero). Também acompanharam o encontro Lin Qingyi e Hu Xuefeng, representantes da Cnooc Brasil.

O objetivo é promover o intercâmbio científico entre os dois países, realizar pesquisas em conjunto e permitir o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. “Temos o firme propósito de estabelecer e aprofundar as parcerias com o oriente, incluindo também a África. Nós da UFRJ acreditamos que as nossas relações internacionais devem ter como mote a cooperação e não a dominação. A criação de um mundo que inclua a diversidade cultural, histórica e social das nações, com o devido respeito a todas as diferenças, contribuirá para um mundo mais pacífico. E nesse processo nós não temos dúvidas de que a China e os demais países do Brics têm essa mesma concepção”, declarou Roberto Medronho.

Enquanto a estatal chinesa será a financiadora do projeto, a UFRJ vai, além de sediá-lo, colaborar por meio da participação de seus institutos, professores, projetos e talentos. Integrarão o centro, ainda, a Petrobras e a Universidade do Petróleo da China (CUP, na sigla em inglês), na mesma lógica “2+2” de funcionamento do Instituto de Engenheiros, ou seja, duas universidades e duas empresas. A gestão do centro de inovação será feita conjuntamente, com a presença de representantes da UFRJ em seu comitê de administração. A ideia é, no futuro, ganhar a adesão de outras universidades e empresas para a ampliação da cooperação científica entre a China e o Brasil.

“Ficamos muito honrados em colaborar com a UFRJ para estabelecer este centro tão importante entre os dois países. Podemos considerá-lo um ponto estratégico para a nossa parceria. Empresas chinesas vão visitar o Brasil e empresas e institutos brasileiros vão visitar a China para fazer os intercâmbios acadêmicos e científicos, tudo por meio do centro de inovação, que servirá como ponte”, explicou Huang Yehua.

O foco inicial das pesquisas a serem desenvolvidas será a produção energética, em especial a de energia eólica offshore – fonte limpa e renovável que se obtém aproveitando a força do vento que sopra em alto-mar. Para isso, estuda-se a criação de um laboratório de aerodinâmica com um túnel de vento – instalação que tem por objetivo simular para estudos o efeito do movimento de ar sobre ou ao redor de objetos sólidos.

“A UFRJ seria pioneira no mundo com um túnel de vento ligado a um laboratório oceânico, o LabOceano, para fazer simulações de energia eólica offshore, com troca de informações aerodinâmicas e hidrodinâmicas. A ideia é que esse centro seja internacionalmente importante”, explicou o professor Segen Estefen.

Apesar de ter como ponto de partida um projeto de energia renovável, o centro de inovação pretende ir além do tema “energia”. “Neste centro de inovação, não focaremos somente em energia e petrolíferas. No futuro, precisamos ampliar as pesquisas para outras áreas importantes, como a medicina”, frisou o chinês Huang Yehua, ao final da reunião.

Parceria

Em novembro de 2024, a UFRJ e o governo chinês criaram o Instituto China-Brasil de Engenheiros de Destaque, com o objetivo de produzir ensino e pesquisa de excelência na área de Engenharia. A UFRJ e a Petrobras participam em parceria com a CUP e a Cnooc. “É um passo concreto para a transformação de nossos países, tornando-os mais competitivos, sustentáveis e justos”, afirmou o gerente-geral de Gestão da Inovação Tecnológica da Petrobras, Júlio Cesar Costa Leite, na ocasião.

UFRJ e universidades de Pequim e de Moscou assinam acordo de cooperação e lançarão mestrado trilateral em Economia e Geociências

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinou no sábado, 25/1, um memorando de intenções com as universidades de Pequim, da China, e a Estatal de Moscou, conhecida como Lomonosov, na Rússia, para a integração acadêmica e científica entre as instituições. Construído no contexto do Brics – grupo de países emergentes de que os três fazem parte –, o acordo deve ter como um dos principais resultados concretos o lançamento de um curso de mestrado trilateral inédito no país, na área de Economia e Geociências. 

“Consideramos que a assinatura desse acordo trilateral é um feito histórico e um passo fundamental para estreitarmos nossos laços na área de educação, ciência, tecnologia e inovação com a Rússia e a China no contexto do Brics. O acordo envolve as três maiores universidades federais destes países”, ressalta o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, que esteve no Kremlin, a sede do governo federal russo, para a assinatura.

O documento estabelece dez eixos de cooperação entre as três universidades, que incluem desde a realização de simpósios e eventos acadêmicos para debates sobre desafios contemporâneos e programas de treinamento e estágios, até a criação de laboratórios e centros de pesquisa conjuntos e a emissão de diplomas de cursos conjuntos – como o do futuro mestrado em Economia e Geociências.

Internacionalização

A parceria faz parte de uma iniciativa mais ampla da UFRJ em colaborar com instituições de ensino e pesquisa de países membros do Brics. “Acreditamos que a cooperação entres os Brics contribuirá para o desenvolvimento social e econômico de nossos povos e para a construção de um mundo multipolar e pacífico”, explica Medronho.

No último ano, uma série de ações foram desenvolvidas nesse sentido, como a inauguração de um instituto de engenharia em parceria com a China e a assinatura de um acordo para a criação de um centro de inovação – ambos com a presença do ministro da educação da China, Huai Jinpeng –, além da participação da UFRJ na maior missão acadêmica já realizada pelo Brasil, na Rússia, com a assinatura de diversos acordos.

No segundo semestre de 2025, a Universidade deve receber o Fórum de Reitores do Brics. A instituição também passará a contar com o Centro Brasil-Brics de Inovação para Neoindustrialização, a fim de integrar universidades e empresas dos países membros no campus da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão.

UFRJ participa de evento para fortalecer cooperação entre os países do Sul Global

O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, participou nesta quinta-feira, 23/1, de encontro com integrantes da Universidade Estatal de Moscou (MSU) Lomonosov para discutir o fortalecimento da cooperação entre os países do Sul Global,  termo usado para definir países em desenvolvimento que compartilham desafios políticos e econômicos similares.

Organizado pela UFRJ e a MSU, o evento, intitulado Rússia, Brasil e África: Fortalecendo a Cooperação entre os Países do Sul Global,  acontece na Faculdade de Estudos Globais da MSU, em Moscou. Medronho reuniu-se com o decano da Faculdade de Estudos Globais, professor   Ilya V. IlinI, e sua equipe para tratar de formas de estímulo à cooperação entre os três países. O encontro vai até segunda-feira, 27/1.

O Brasil está na presidência do Brics desde 1/1. Formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros integrantes recém-admitidos – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã –, o grupo representa um dos principais foros de articulação político-diplomática dos países do Sul Global, com foco na cooperação em diversas áreas. A UFRJ irá sediar o fórum de reitores das universidades de países do Brics.  

A presidência brasileira do Brics, que vai até 31/12, atuará em dois eixos principais: Cooperação do Sul Global e Reforma da Governança Global. Um dos objetivos é  fortalecer a cooperação econômica, política e social entre os integrantes do grupo e o aumento da influência dos países do Sul Global na governança internacional, além de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico sustentável e promover a inclusão social nessas nações.

UFRJ deve ingressar na Aliança Mundial para a Educação Digital

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a China devem ampliar sua cooperação em 2025. Isso porque a maior universidade federal brasileira deve ingressar na Aliança Mundial para a Educação Digital, iniciativa do governo chinês com foco em cooperação internacional na área acadêmica para a transformação digital da educação. O convite para ingressar na aliança foi feito pelo ministro de Educação da China, Huai Jinpeng, em carta à Universidade. 

Jinpeng esteve na UFRJ em novembro, quando participou da inauguração do Instituto China-Brasil de Engenheiros de Destaque, uma parceria entre a UFRJ  e a Universidade do Petróleo da China (CUP), e da criação do Instituto Brasil-China de Inovação, Ciência e Tecnologia (BCCSTI, na sigla em inglês), em parceria com a Petrobras e a China National Offshore Oil Corporation (Cnooc), principal estatal produtora de petróleo daquele país.

Em sua carta, o ministro da educação chinês agradeceu a calorosa recepção e destacou o papel de liderança da UFRJ na cooperação científica e educacional entre os dois países. “Neste novo ponto de partida histórico, espero que sua universidade exerça ainda mais sua influência e inspire outras universidades brasileiras a promoverem cooperação com a China. Em especial, desejo transformar o Instituto China-Brasil de Engenheiros de Destaque em uma marca de ouro da cooperação educacional entre China e Brasil, contribuindo positivamente para a formação de talentos de alto nível nas áreas de petróleo, gás, energia e engenharia naval”, escreveu Huai Jinpeng.

A UFRJ também foi convidada a participar da Conferência Mundial da Educação Digital 2025 (World Digital Education Conference, em inglês), que será realizada em maio, na cidade de Wuhan. “A Universidade Federal do Rio de Janeiro se orgulha imensamente de suas parcerias com instituições chinesas. Essas iniciativas simbolizam nosso compromisso conjunto com a promoção da inovação e o enfrentamento de desafios globais”, respondeu o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, destacando o interesse da instituição tanto em participar da conferência, quanto em ingressar na Aliança.

Multilateralismo

A Aliança Mundial para a Educação Digital (World Digital Education Alliance, em inglês) foi oficialmente lançada em 30/1/2024, durante a Conferência Mundial de Educação Digital, realizada em Xangai, na China. Essa iniciativa, liderada pela Associação Chinesa de Educação para Intercâmbio Internacional (Ceaie, na sigla em inglês), reúne 104 instituições de 41 países e regiões, incluindo universidades, organizações internacionais de educação e empresas. Seu objetivo principal é promover a transformação digital da educação em escala global, estabelecendo mecanismos sustentáveis de colaboração internacional, defendendo oportunidades educacionais equitativas e inclusivas e assegurando experiências educacionais de alta qualidade para todos. 

A criação da Aliança reflete os princípios estabelecidos pelo Comitê Diretor de Alto Nível da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para a Educação 2030. Ao incentivar a cooperação internacional, a Aliança busca impulsionar a inovação educacional, facilitando a aplicação, o compartilhamento e o desenvolvimento de soluções digitais no ensino. A iniciativa também visa responder às rápidas mudanças tecnológicas e às crescentes demandas da sociedade por educação de qualidade, adaptando-se de forma ágil às novas realidades e promovendo o intercâmbio de conhecimentos entre diferentes setores.

UFRJ inaugura totem em homenagem a alunos e professores mortos durante a ditadura militar

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) deu mais um passo significativo para o reconhecimento e a reparação histórica dos crimes cometidos durante a ditadura civil-militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. Na quinta-feira, 19/12, foi inaugurado um totem, em frente ao Restaurante Universitário Edson Luís, na Cidade Universitária, em homenagem aos 25 estudantes e professores mortos e desaparecidos em decorrência das ações repressivas do Estado brasileiro.

Durante a cerimônia, que contou com a presença de familiares e militantes pela democracia, foi destacado o papel fundamental dos estudantes e professores homenageados, que sacrificaram suas vidas na luta por uma educação de qualidade e pela preservação da democracia brasileira. “Para nós, do movimento estudantil, é sempre uma honra participar de um momento de resgate da memória. Uma memória que, apesar de ser recente, constantemente tentam fazer esquecer”, afirmou Alexandre Borges, diretor do Diretório Central do Estudantes (DCE) Mário Prata, que leva o nome do estudante de Engenharia baleado por agentes da ditadura em 1971.

O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Sintufrj), Esteban Crescente,  lembrou que a luta pela democracia também é uma luta pelo acesso ao ensino superior. “Esses aqui lutaram para que a Universidade fosse aberta, para que o povo estivesse aqui, porque o certo era  não ter muros para a entrada na Universidade… Todos que entrassem no ensino fundamental tivessem, no futuro, direito de cursar Engenharia, Medicina, Belas-Artes, tornar-se professor, melhorar, educar e avançar”, disse.

Memória

O totem foi produzido a partir de um concurso na Escola de Belas Artes (EBA). O projeto vencedor, elaborado pelas alunas Marcele Lins e Natália Rodrigues, teve a coordenação da professora Irene Peixoto. “Nós sabemos que é uma coisa singela, mas que tem um peso emblemático muito grande no sentido de tentar dar alguma memória e alguma reparação a esses estudantes e professores que agora têm o seu nome gravado aqui”, opinou a diretora da EBA, Madalena Grimaldi.

Marcele Lins e Natália Rodrigues, alunas da EBA, foram autoras do projeto do totem | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

Ações como essa, que relembram as vítimas do regime autoritário, são importantes não somente para a memória daqueles que lutaram, mas também como instrumento de conscientização das gerações seguintes sobre a importância da defesa incondicional da democracia. “O importante é que essa luta está sendo desenvolvida pelas gerações seguintes. Essa temática da memória e verdade, justiça e reparação vai ser permanente no Brasil, e assim vão se conquistando, de pouco em pouco, as necessárias reparações”, afirmou o coordenador da Comissão da Memória e Verdade (CMV) da UFRJ, José Sérgio Lopes Leite.

“‘Eu Lembro’ é um ato presente, mas que diz respeito não apenas ao que foi vivenciado, mas às lutas que se travam no presente acerca do que foi vivido. O passado está em disputa no presente, e o desenlace dessa luta diz respeito ao que seremos no futuro”, reforçou Carlos Vainer, professor-emérito da UFRJ que foi o primeiro presidente da CMV e membro da Geração 68  – grupo formado por militantes que lutaram pela democracia entre os anos 60 e 80 e se reuniram novamente durante a pandemia de covid-19 para organizar novo ciclo de lutas contra o autoritarismo político.

“Eu tenho 43 anos, por isso eu não vivi esse momento histórico. Mas eu cresci vendo meus avós lutando por isso, falando disso. Eu cresci com as memórias. Mas a minha avó já se foi, a minha mãe já está ficando mais velha e as gerações vão passando, e as novas gerações vão esquecendo. Então este é um momento importante para que a gente possa manter essa memória viva. Eu vivi essa memória, mas talvez meu filho não tenha a mesma dimensão do que aconteceu”, comentou Sônia Moraes, sobrinha de Sônia Moraes Angel Jones, aluna do Colégio de Aplicação e da então Faculdade de Economia e Administração, expulsa da UFRJ em 1969 e assassinada em condições de tortura em 1973.

Emocionada, a jornalista Hildegard Angel lembrou que a luta pela memória dos crimes da ditadura é constante: “Sou grata não apenas pelo meu irmão ou pela minha cunhada, Sônia Moraes Angel Jones, mas pelo nome de todos que estão aqui. De todos que estão aqui presentes, ouvindo, se interessando por essa história, e nos passando a sua energia para que nós nos mantenhamos nessa vibração da denúncia”. O irmão de Hildegard, Stuart Angel, aluno de Economia da UFRJ, foi torturado e morto em 1971. A mãe deles, a estilista Zuzu Angel, foi assassinada também por agentes da ditadura cinco anos depois, justamente por denunciar o assassinato do filho.

Reitor leu o nome dos homenageados, que foram saudados pelo público | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

Ações

Nos últimos dez anos a UFRJ ampliou as ações de memória e reconhecimento dos efeitos da ditadura no seu corpo social. Em 2013 foi criada a Comissão da Memória e Verdade (CMV), que atuou diretamente na pesquisa e divulgação de detalhes dos acontecimentos do período. Entre as ações empreendidas desde então está, por exemplo, a revogação, em 2015, do doutorado honoris causa do ditador Emílio Garrastazu Médici, que governou o país de 1969 a 1974, período mais duro da ditadura.

Em agosto deste ano, foi realizado pela Universidade, em parceria com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o evento Lembrar Para Não Esquecer: 60 Anos, que prestou homenagem aos estudantes e alunos mortos durante o período. Em outubro, foi reeditado o caderno com biografia e contexto de perseguição política do grupo, que agora é homenageado com o totem.

O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, encerrou a cerimônia com a leitura dos nomes dos 25 estudantes e professores homenageados, que foram saudados pelo público com a palavra “presente” em um momento de profunda emoção e reverência.

Reitor Roberto Medronho lê os nomes dos estudantes e professores mortos durante a ditadura | Vídeo: Vitor Ramos

Três editais preveem a contratação de funcionários para o Complexo Hospitalar da UFRJ

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que neste ano assumiu a gestão de três unidades hospitalares do Complexo Hospitalar e da Saúde (CHS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está com três editais abertos para a contratação de novos funcionários. Os profissionais irão atuar em uma das três unidades geridas em parceria entre as duas instituições: o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), a Maternidade Escola (ME) e o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG).

Ao todo, são mais de 220 vagas imediatas, além da formação de cadastro de reserva. O edital nº 2 destina vagas para diversas especialidades médicas; já o edital nº 3, para especialidades da área assistencial, como biomédico,  assistente social cirurgião-dentista, enfermeiro, farmacêutico, físico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, pedagogo, educador físico, psicólogo, tecnólogo em radiologia, terapeuta ocupacional e técnicos em análises clínicas, citopatologia, enfermagem, farmácia, necropsia, radiologia e saúde bucal.

Também serão selecionados candidatos, no edital nº 4, para o cadastro reserva  aos cargos da área administrativa: administração, administração hospitalar, gestão hospitalar, relações públicas, contabilidade, estatística, arquitetura, engenharia civil, engenharia elétrica, engenharia mecânica, engenharia clínica,  engenharia em segurança do trabalho, além de analista de tecnologia da informação, técnico em segurança do trabalho, assistente administrativo e analista administrativo com formação em qualquer área.

Ao longo de 2024, desde que a Ebserh assumiu as três unidades da UFRJ, outros editais já foram lançados para contratação de funcionários temporários, até que os atuais editais, para efetivos, fossem lançados. Um concurso público realizado pela UFRJ em 2023 também destinou dezenas de vagas para especialidades da área de saúde às unidades hospitalares. Os novos servidores tomaram posse ao longo deste ano.

As inscrições dos editais estarão abertas entre os dias 23/12/2024 a 20/1/2025. Seguindo a legislação vigente, serão destinadas vagas para pessoas com deficiência e para negros, promovendo maior diversidade no corpo social da Universidade.

A chegada de novos funcionários, que vai reforçar a equipe que já atua no Complexo Hospitalar (CH), permitirá tanto a expansão dos atendimentos à comunidade quanto a formação mais adequada dos estudantes de graduação e pós da UFRJ. 

Confira no site da Ebserh os três editais e demais orientações.

Martha Meriwether Sorenson recebe Medalha Minerva do Mérito Acadêmico

A professora aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Martha Meriwether Sorenson, do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM), recebeu, na quarta-feira, 18/12, a Medalha Minerva do Mérito Acadêmico por seu papel fundamental no ensino, pesquisa e extensão da Universidade. A pesquisadora tem atuação destacada na internacionalização da ciência produzida na UFRJ, além de ser uma defensora ferrenha da ética e da integridade na pesquisa científica.

“Martha tem o perfil de cientista que, ao longo de décadas, vivenciou transformações profundas na comunicação e avaliação da ciência, mantendo uma postura crítica, aberta e disposta a dar um passo atrás para reavaliar as suas próprias perspectivas. Essa atitude, por sua vez, estimula reflexões contínuas sobre práticas de pesquisa diante de um novo ambiente social para a ciência”, descreveu a professora do IBqM Sônia Maria Ramos de Vasconcelos no discurso de saudação à homenageada.

Nascida nos Estados Unidos, Martha cursou mestrado e doutorado em Biologia pela Universidade de Washington. Esteve na UFRJ pela primeira vez entre 1974 e 1976 para umpós-doutorado com bolsa da Fundação Fulbright. Depois de uma temporada como pós-doutora e docente da Universidade Columbia, também nos Estados Unidos, retornou ao
Brasil em 1983, ocupando definitivamente o cargo de professora na UFRJ. Apesar da aposentadoria, em 2011, continua atuando no apoio à ciência desenvolvida na instituição.

Além de pesquisas importantes na área de Metabolismo e Bioenergética, tem sido uma voz importante em defesa da ética e da integridade científicas. Durante a entrega da medalha, foi destacado como o seu talento, disposição e determinação para contribuir com a revisão de artigos científicos de colegas e alunos foram fundamentais para a ampliação da qualidade da ciência desenvolvida na UFRJ. Objetiva, assim como os textos acadêmicos que ajuda a revisar, Martha agradeceu a medalha com um pedido. “Neste ano recebi poucos artigos para revisar. Em 2025 espero receber mais”, disse.

Concessão da Medalha Minerva do Mérito Acadêmico à professora Martha foi aprovada por unanimidade e aclamação pelo Conselho Universitário da UFRJ | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

“A professora Martha é um exemplo de servidora pública que, de fato, valoriza a educação e ajuda o nosso país a entrar no rumo que nós queremos: com uma educação e uma saúde de qualidade e que as pessoas se sintam felizes em estarem aqui”, destacou a vice-reitora da UFRJ, Cássia Turci, que integrou junto com homenageada a Câmara
Técnica de Ética em Pesquisa (Ctep) da UFRJ.

O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, destacou as contribuições de pesquisadores do IBqM para a formação na área de Ciências da Saúde na Universidade e, sobretudo, o papel da homenageada em defesa da ética acadêmica. “A professora Martha tem uma militância na integridade de pesquisa que muito nos orgulha, por isso homenageá-la com a Medalha Minerva do Mérito Acadêmico é motivo de muito orgulho e de muito júbilo para a nossa Universidade”, completou.

Honraria

Instituída em 2011, a Medalha Minerva do Mérito Acadêmico é concedida às professoras e aos professores da UFRJ e de outras instituições que tenham se destacado por seu empenho e pela relevância do seu trabalho de ensino, pesquisa e extensão.

Entre os que já foram agraciados com a honraria estão a professora e historiadora Anita Leocádia Prestes, por sua trajetória na historiografia brasileira e por quase 30 anos de dedicação à UFRJ; Yocie Yoneshigue Valentin, referência mundial no estudo das algas marinhas e pioneira no uso de algas como fonte de fármacos; Doris Rosenthal, por sua contribuição à endocrinologia e à formação de várias gerações de pesquisadores; e Waldyr Mendes Ramos, por sua contribuição na formação de diversas gerações de educadores físicos no Brasil.

Professora Martha Sorenson também recebeu homenagem dos alunos e colegas | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)
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