Ministra Anielle Franco na UFRJ

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, dará palestra na UFRJ na abertura do mês da consciência negra. O tema é “Reparação e ações afirmativas: por um Brasil com justiça racial”.

Na oportunidade, será lançada a campanha “UFRJ Antirracista – Nem um passo atrás: a Universidade está mudando”. Ela tem por objetivo demarcar o compromisso da instituição com o combate ao racismo e a construção de uma política antirracista por meio de ações de comunicação.

Campanha será lançada no evento | Imagem: Heloísa Bérenger (SGCOM/UFRJ)

Organizado pela Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada) da UFRJ, o evento é aberto ao público e à imprensa. A palestra da ministra acontecerá às 17h do dia 27/10 (sexta-feira), no Salão Pedro Calmon, no Palácio Universitário da Praia Vermelha.

Serviço

Abertura do mês da consciência negra, com Anielle Franco – palestra: “Reparação e ações afirmativas: por um Brasil com justiça racial”

Dia 27/10 às 17h

Local: Salão Pedro Calmon, Palácio Universitário da UFRJ, Av. Pasteur, 250, 2º andar, campus Praia Vermelha

Evento aberto ao público e à imprensa 

Casa da Ciência da UFRJ abre nova exposição gratuita ao público

Que tal descobrir como acertar a hora em um relógio de pêndulo? Ou explorar de onde vêm as cores, congelar sua sombra, ou mesmo “ver” o som produzido pela sua voz? E isso tudo, claro, conduzido por ilustres participantes da história da Física: mulheres que revolucionaram a maneira de vermos o mundo! Se liga, são elas na física! é a nova exposição que chega à Casa da Ciência da UFRJ. Ela vai mostrar, por meio de experiências interativas, que a Física pode ser superinteressante e divertida, mesmo que pareça, por vezes, complicada.

Desenvolvida em parceria com o Museu Interativo da Física da UFRJ, a exposição marca os 35 anos do museu e a primeira década do “Tem Menina no Circuito”, uma iniciativa para despertar em meninas o gosto pela ciência. 

A exposição conta com diversos experimentos interativos, com abordagens para todas as idades. Além disso, o projeto também conta com atividades paralelas, a exemplo de oficinas “mão na massa”, que ocorrerão ao longo da apresentação, misturando ciência, arte, literatura e até cozinha! Palestras para curiosos e aficionados? Presente! Serão feitas atividades sobre informação quântica, nanomagnetismo, supercondutividade, aceleradores de partículas e outros temas.

A exposição Se liga, são elas na física tem entrada gratuita e fica em cartaz na Casa da Ciência da UFRJ, de 18/10 a 30/6/2024.

Serviço

Exposição Se liga, são elas na física!

Local: Casa da Ciência da UFRJ (Rua Lauro Müller, 3 − Botafogo)

Período:  de 18/10/2023 a 30/6/2024

Horário de funcionamento da exposição:

De terça a sexta, das 9 às 20h (com última entrada no salão de exposições às 19h)

Sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h (com última entrada no salão de exposições às 15h40)

Agendamento de escolas e grupos: terça a sexta. Cadastro no link.

Para mais informações e para acompanhar a agenda da programação paralela, acesse o site da Casa da Ciência, o blog www.juntosnacasa.casadaciencia.ufrj.br ou as redes sociais @casadacienciadaufrj 

Calor atípico

Um estudo conduzido por 12 cientistas de universidades e agências meteorológicas do Brasil, da Holanda, do Reino Unido e dos Estados Unidos alerta que o calor recente na América do Sul tem mais relação com as mudanças climáticas causadas pelo homem do que pelo  El Niño. Os pesquisadores integram colaboração internacional que analisa e comunica as possíveis influências em eventos climáticos extremos, tais como tempestades, chuvas fortes, ondas de calor e secas: a World Weather Attribution. Segundo eles, o calor extremo observado em setembro chega a ser 100 vezes mais provável de ocorrer, apresentando anomalias de 1,4  a 4,3 graus Celsius a mais, do que se não houvesse essas mudanças climáticas.

Grandes regiões da América do Sul foram afetadas por um incomum calor em agosto e setembro. Apesar de serem os primeiros dias da primavera, as temperaturas ultrapassaram os 40 graus no Brasil, Bolívia, Argentina e Paraguai, afetando milhões de pessoas, inclusive com mortes relacionadas. O calor prolongado veio depois de muitos países sul-americanos experimentarem o inverno mais quente já registrado.

Para quantificar o efeito das mudanças climáticas nas altas temperaturas sustentadas na América do Sul, os cientistas, seguindo métodos revisados por pares, analisaram dados e simulações de modelos para comparar o clima do passado com o atual, após cerca de 1,2 grau de aquecimento global desde o fim dos anos 1800. A análise também considerou o efeito do El Niño, fenômeno natural que leva a temperaturas mais altas na América do Sul e em outras partes do mundo e que está afetando a região neste ano.

Os cientistas descobriram que tais episódios de calor extremo na América do Sul, fora dos meses de verão, são muito improváveis sem as alterações climáticas causadas pelo homem. “É preocupante que temperaturas acima de 40 graus na primavera estejam se tornando comuns em muitas partes do mundo. É a realidade do nosso clima em rápido aquecimento. Agora estamos enfrentando dias cada vez mais perigosamente quentes a cada ano”, disse Izidine Pinto, pesquisadora do Instituto Meteorológico Real, da Holanda. 

Pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, são autores do estudo a professora Renata Libonati e o pesquisador Djacinto Santos, ambos do Instituto de Geociências (IG). Segundo Libonati, as ondas de calor ainda são um desastre negligenciado, pois não existem protocolos de enfrentamento como no caso de enchentes e deslizamentos, por exemplo. Segundo ela, o país está atrasado no desenvolvimento de estratégias de prevenção e mitigação desses eventos de calor, que têm impacto significativo na saúde pública, principalmente em grupos vulneraveis”, afirmou.

Hoje, as temperaturas quentes muito incomuns no início da primavera podem ser esperadas aproximadamente uma vez a cada 30 anos na região. “Embora muitas pessoas tenham apontado o El Niño para explicar a onda de calor na América do Sul, essa análise mostrou que as mudanças climáticas são o principal fator do calor. Queremos ser claros: um El Niño em desenvolvimento teria contribuído com algum calor, mas, sem as alterações climáticas, um calor primaveril tão intenso teria sido extremamente improvável”, alertou Lincoln Muniz Alves, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Jean Wyllys, Marie Santini e Fernando Salis debatem desinformação

A Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro sediará, no dia 11/10, a conferência Comunicação como Direito Humano para o Combate à Desinformação. Participarão do evento Jean Wyllys, ex-deputado federal e doutorando em Ciência Política pela Universidade de Barcelona; Marie Santini, diretora do Laboratório de Estudos da Internet e Mídias Sociais (NetLab/UFRJ); e Fernando Salis, professor da ECO.

O encontro acontecerá das 10h ao meio-dia, no Salão Pedro Calmon, no campus da UFRJ na Praia Vermelha. 

O evento é organizado conjuntamente entre o Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas (PPGMC/UFRJ), o Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura (PPGCOM) e o NetLab, laboratório de pesquisa que tem se dedicado a diagnosticar o fenômeno da desinformação digital e suas consequências sociais no Brasil.

Profissionais da mídia interessados em cobrir o encontro podem procurar a Assessoria de Imprensa da ECO (institucional@eco.ufrj.br) para informações.

Serviço

Conferência Comunicação como Direito Humano para o Combate à Desinformação, com Jean Wyllys, Marie Santini e Fernando Salis

Quarta, 11/10, das 10h ao meio-dia

Salão Pedro Calmon, campus UFRJ Praia Vermelha

Av. Pasteur, 250, 2º andar

Presidente do STF ministrará aula magna na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, fará a aula magna de 2023 da Faculdade Nacional de Direito (FND), da UFRJ, na sexta-feira, 6/10.

Barroso ministrará sobre “Revolução digital, recessão democrática e mudança climática”. A conferência acontecerá no Salão Nobre da FND, às 11h. O evento, organizado pela Direção da FND e pelo Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco), é aberto inclusive à imprensa.

Serviço

Aula magna da Faculdade Nacional de Direito, com o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso
Sexta-feira, 6/10, 11h
Salão Nobre da FND/UFRJ
Rua Moncorvo Filho, 8, Centro, Rio de Janeiro/RJ

Queda livre

Todos os objetos, independentemente da massa ou da composição, devem cair em queda livre da mesma maneira em resposta à gravidade, segundo o princípio da equivalência fraca (WEP, na sigla em inglês), descrito por Albert Einstein, em 1915 –  quando ele apresentou ao mundo os efeitos da gravidade na Teoria Geral da Relatividade. Todavia, as experiências consideravam apenas tudo que fosse feito de matéria. Até que um grupo de pesquisadores da UFRJ, junto com outros cientistas de diversas partes do mundo, resolveram testar os efeitos da gravidade na antimatéria. Os resultados estão descritos hoje na Nature, uma das mais conceituadas publicações científicas. Eles revelaram que os átomos de antimatéria caem na Terra da mesma forma que os seus equivalentes feitos de matéria.

A antimatéria é o inverso da matéria e, quando elas se encontram, se aniquilam e liberam luz. Embora o físico alemão Arthur Schuster tenha sugerido a existência da antimatéria, em 1880, apenas em 1928 Paul Dirac postulou, somente com cálculos e sem nenhuma evidência experimental, que de fato havia elementos de antimatéria no Universo. Mesmo assim, só quatro anos depois, Carl David Anderson pôde observar a existência do pósitron, a partícula que comprovou as ideias anteriores. Para melhor compreensão, o átomo de hidrogênio feito de matéria, por exemplo, tem apenas um próton de carga positiva e um elétron de carga negativa. Já o anti-hidrogênio tem a mesma composição, mas com as cargas invertidas.

Como afirmou Jeffrey Hangst, porta-voz da colaboração Alpha, da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), da Suíça:“Na física, realmente não se sabe algo até você observar. Este é o primeiro experimento direto no qual realmente se pôde observar um efeito gravitacional no movimento da antimatéria. É um marco no estudo da antimatéria, que ainda nos confunde devido à sua aparente ausência no Universo”. É importante ressaltar que a antimatéria, segundo a teoria e os experimentos científicos, só é criada artificialmente na Terra. Os cientistas sabem que após o Big Bang, matéria e antimatéria se formaram em quantidades quase iguais. E, apesar de muitas hipóteses, nenhuma comprovada, ninguém sabe onde a antimatéria foi parar. Houve, por algum motivo desconhecido, a separação entre as duas ou não existiríamos. 

A colaboração Alpha cria átomos de anti-hidrogénio – um pósitron orbitando um antipróton – na Fábrica de Antimatéria do Cern. Lá, cientistas pegam antiprótons com carga negativa, produzidos e desacelerados nas máquinas AD e Elena, e os ligam a pósitrons carregados positivamente acumulados a partir de uma fonte de sódio-22. Em seguida, confinam os átomos de antimatéria neutros – mas ligeiramente magnéticos – em uma armadilha magnética, que os impede de entrarem em contato com a matéria e se aniquilarem. Os átomos de anti-hidrogênio são partículas de antimatéria eletricamente neutras e estáveis. Essas propriedades os tornam sistemas ideais para estudar o comportamento gravitacional da antimatéria.

Testes rigorosos

De acordo com o professor do Instituto de Física (IF) da UFRJ Rodrigo Sacramento, um dos autores do artigo, a experiência pode parecer simples assim como os resultados, mas foram anos para aprender como fazer esse antiátomo, como segurá-lo e como controlá-lo bem o suficiente para que pudéssemos realmente soltá-lo de uma forma que fosse sensível à força da gravidade. O estudo completo envolveu a repetição do experimento várias vezes para diferentes valores de um campo magnético adicional, que poderia (des)compensar ou até mesmo neutralizar a força da gravidade. “Fomos muito rigorosos ao realizar os experimentos e esse foi um artigo que discutimos bastante antes de divulgar, cientes de nossa responsabilidade”, explicou.

A equipe Alpha construiu um aparelho vertical chamado Alpha-g, que recebeu seus primeiros antiprótons em 2018 e foi comissionado em 2021. O “g” denota a aceleração local da gravidade, que, para a matéria, é de cerca de 9,81 metros por segundo ao quadrado. Este aparelho permite medir as posições verticais em que os átomos de anti-hidrogênio se aniquilam com a matéria quando o campo magnético da armadilha é desligado, permitindo a fuga deles.

Segundo o professor Cláudio Lenz, também do IF/UFRJ, as descobertas realizadas confirmaram que a antimatéria deveria sentir os efeitos da gravidade da mesma forma que a matéria comum, de acordo com as previsões da relatividade geral. O próximo passo dos cientistas, adiantou ele, é realizar testes mais precisos no futuro para melhorar a compreensão da natureza gravitacional da antimatéria. Um futuro interferômetro a laser permitiria um aumento de precisão de ordens de grandeza e testar se a matéria e a antimatéria realmente caem da mesma maneira, tal como a pena e a maçã lançadas no vácuo. “Em última análise, a ciência é empírica e nossos modelos atuais ainda estão longe de explicar nosso Universo, tendo em vista a ausência de antimatéria, a essência da matéria e da energia escura”, disse o professor.

O Brasil está para virar membro do Cern, dependendo agora só da aprovação no Congresso Nacional e de a decisão ser sancionada pelo presidente da República. Embora partes do experimento Alpha tenham sido feitas no Brasil, essas pesquisas com anti-hidrogênio só podem ser feitas na organização europeia. A assinatura do acordo vai permitir aos grupos brasileiros que atuarem no Cern assumirem maiores compromissos e protagonismo nas futuras pesquisas fundamentais. Hoje, a equipe brasileira é composta por Levi Oliveira Azevedo, Rodrigo Lage Sacramento, Álvaro Nunes de Oliveira, Cláudio Lenz Cesar e Daniel de Miranda Silveira.

O grupo brasileiro no Alpha, baseado na UFRJ e no Inmetro, tem sido apoiado pelo CNPq, Renafae e Faperj. Atualmente, o grupo está desenvolvendo uma técnica de geração de íons frios negativos de hidrogênio (https://www.nature.com/articles/s42005-023-01228-7) para introduzir hidrogênio na mesma armadilha do anti-hidrogênio e assim poder realizar uma comparação direta entre o átomo e o antiátomo. 

Entendendo o cérebro de crianças e adolescentes

O neurodesenvolvimento de crianças e adolescentes é tema do livro apresentado por Bruna Brandão Velasques, professora do Programa de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria (Ipub) da UFRJ. A obra Neurodesenvolvimento Infantojuvenil – entendendo o cérebro da criança e do adolescente é direcionada a especialistas, pais, mães, educadores e pessoas interessadas no assunto.

No livro, a autora aborda o neurodesenvolvimento infantojuvenil de forma diversa, evidenciando temas distintos, como a importância do amor para o desenvolvimento neurológico, a empatia como uma característica do cérebro, o contato com a natureza para o desenvolvimento do sistema nervoso, rotinas inadequadas para a infância, o impacto do uso de telas na infância, dentre outros. “Infelizmente, não temos muitos livros científicos acessíveis desse tema no Brasil, sendo muito material escrito em inglês. Isso é difícil, uma vez que enfrentamos a barreira linguística, o que impede que muitos profissionais acessem um material recente e de qualidade”, afirma.

De acordo com a professora, uma experiência pessoal a motivou a iniciar a obra. “Quando meu filho nasceu, tive que lidar com profissionais que trabalhavam com a infância e tinham pouco conhecimento sobre comportamento e neurodesenvolvimento na infância e adolescência. O tema ‘neurodesenvolvimento e neurociências’ cresceu significativamente nos últimos anos, mas, ao mesmo tempo, temos observado uma defasagem na formação dos profissionais que lidam com crianças e adolescentes”, explica a pesquisadora. O livro visa preencher essa lacuna, trazendo um material com o rigor científico e, ao mesmo tempo, com uma linguagem acessível. “Ao lidar com a infância e adolescência, é necessário compreender as particularidades do desenvolvimento do sistema nervoso, compreendendo como fatores ambientais e genéticos interagem com esse processo. Por conta desses pontos, considero este livro muito importante para o cenário atual”, conclui Velasques.

Texto escrito pelos estagiários Jean Carlos e Sthefani Maia, sob supervisão do jornalista Sidney Rodrigues Coutinho

Produção de vieiras em queda no Sudeste devido a vilões ambientais

O aquecimento global e a poluição das águas podem estar por trás da queda na produção da promissora cultura de moluscos na Baía da Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Com isso, o estado fluminense sofre mais  um baque na economia em uma atividade socioeconômica global de relevância. A geração de vieiras (Nodipecten nodosus) para maricultura caiu de 51,2 toneladas em 2016 para 10,2 toneladas em 2022, de acordo com estudo publicado no Internacional Science of the Total Environment, no início de setembro, por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e do Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande (IED-BIG).

Por meio de análises físico-químicas e biológicas da qualidade da água em três fazendas de vieiras e dois locais próximos da baía em 2022, os cientistas descobriram que a redução da quantidade de clorofila coincidiu com a diminuição da produção da espécie nos últimos cinco anos. Os períodos mais quentes do ano, com temperaturas acima de 27°C, também podem ter contribuído para dificultar o desenvolvimento dos moluscos. Nos últimos 13 anos, durante períodos de águas mais frias e picos de clorofila, a produção de vieiras teve um aumento. 

De acordo com o professor Fabiano Thompson, um dos autores do trabalho, as contagens da Escherichia coli e de bactérias potencialmente patogênicas (Vibrios) foram significativamente mais elevadas nos períodos mais quentes nas águas da região. “Isso pode reduzir ainda mais a produtividade das vieiras. Embora as causas do colapso da produção no Sudeste tropical do Brasil ainda sejam desconhecidas, os resultados sugerem que o colapso da maricultura de vieiras é fruto de um efeito negativo sinérgico do aquecimento global e da má qualidade da água do mar”, afirmou.

Há menos de uma década, a região da Baía da Ilha Grande figurava como principal produtora de vieiras no país. A vieira, assim como o mexilhão e a ostra, é um tipo de molusco bivalve – tem uma concha que se abre em duas partes.  A espécie é a única nadadora entre as três e se movimenta graças a um músculo .

A produção consiste em aprisionar as vieiras em “lanternas”, gaiolas específicas assim chamadas pela semelhança com as lanternas orientais. Boias sustentam a estrutura no mar, enquanto, para homogeneizar a produção, pequenos grupos do molusco ficam em cada um dos segmentos submersos. As vieiras se alimentam de pequenas algas que filtram do mar. Quando a concha alcança mais de oito centímetros, por volta de um ano e meio após a “semeadura”, estão prontas para serem colhidas e vendidas nos mercados e restaurantes.

Desafios para a pesquisa e a inovação no Brasil

Pesquisadores e representantes dos setores público e privado se reúnem, nesta semana,, no VII Simpósio de Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para discutir os principais desafios da sociedade brasileira na atualidade. O evento, que conta com o apoio institucional do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), começa amanhã (12/9) e vai até quinta-feira, na sede da FGV, em Botafogo.

Para a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI), Luciana Santos, a ciência pode auxiliar a sociedade a enfrentar seus desafios. Segundo a ministra, o desenvolvimento do Brasil em novas bases tecnológica, e a inserção soberana do país na economia global dependem de um conjunto de políticas públicas capazes de transformar conhecimento em riqueza, por meio dos investimentos na área. “Nosso desafio é acelerar a transferência de tecnologia para gerar produtos e serviços que atendam às demandas da sociedade e do país, desenvolvendo soluções inovadoras em temas estratégicos, como combate à fome, biodiversidade, saúde, transição energética e transformação”, declarou.

De acordo com o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, “quando são reunidos esforços para pensar os desafios e soluções do hoje e do futuro, coloca-se em evidência a importância do fomento à ciência no Brasil”. Uma novidade no Simpósio deste ano é que pesquisadores de diferentes instituições, das mais diversas áreas de conhecimento, terão a oportunidade de apresentar propostas de projetos de pesquisa no intuito de construir parcerias.  

No ponto de vista do diretor da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Álvaro Prata, as diferentes instituições que abrigam a ciência e o desenvolvimento científico precisam unir esforços e atuar em sinergia para superar os desafios da atualidade. “Os grandes desafios da atualidade envolvem questões muitas vezes conflitantes e que requerem amplo e profundo conhecimento científico para serem tratadas. A ciência deve ser este pilar sobre o qual nos apoiamos para avançarmos como civilização, superando os desafios e aproveitando as oportunidades que se apresentam”.

Entre as diversas instituições que participarão do evento, estão a UFRJ, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade de São Paulo (USP), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Embaixada da União Europeia no Brasil, além de agências de fomento como a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).Também estarão presentes pesquisadores estrangeiros da Queen Mary University of London (QMUL). O endereço da sede da FGV é Praia de Botafogo, 190 – Botafogo, Rio de Janeiro.

Combate à indústria da desinformação

Para orientar políticas públicas que assegurem à população brasileira se resguardar de ações fraudulentas na internet, a UFRJ deve entregar ao governo federal, no ano que vem, um banco de dados com contas e páginas falsas que enganam consumidores, roubam dados pessoais ou aplicam golpes. A ferramenta é apenas uma das armas que o Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais (NetLab) vai desenvolver para combater a crescente indústria da desinformação na era digital.

A estratégia é mapear e coletar evidências científicas sobre ações nas mídias sociais e na web que se valem de técnicas para manipular os consumidores no ambiente online.“Como o tema da regulamentação da internet é uma das grandes questões do nosso tempo em vários países, inclusive no Brasil, compreender essa indústria paralela é um dos pontos-chave da nossa pesquisa”, disse a fundadora e diretora do NetLab, a professora Rose Marie Santini, da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ).

Segundo a docente, pesquisadores brasileiros têm se dedicado cada vez mais a esse tema e desenvolvido projetos excelentes, mas ainda há muito a ser explorado. “O NetLab tem seis linhas de pesquisa dedicadas a isso, com diferentes projetos em cada uma. O Laboratório desenvolveu uma infraestrutura tecnológica própria de coleta e análise de dados em plataformas digitais para produção de relatórios e artigos científicos, em função dos nossos objetivos de pesquisa”, informou. 

As evidências são coletadas em plataformas como Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, Telegram, YouTube, WhatsApp, Meta Ads e Google Ads, além de artigos publicados nos principais portais de notícias do país e também de mídias locais e alternativas. Os estudos nesse campo demonstram que certos públicos são alvos mais frequentes de campanhas de desinformação – e não é raro que entre eles estejam justamente as pessoas mais vulneráveis do ponto vista social, cultural e econômico.

Para dar conta do desafio, o NetLab obteve financiamento no início de agosto, por meio do Fundo de Direitos Difusos da Secretaria Nacional do Consumidor (FDD/Senacon), administrado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Serão empregados 1,9 milhão de reais em pesquisas que, de forma contínua, serão desenvolvidas com a evolução do campo de estudos e em constante diálogo com os objetivos do MJSP e da Senacon.

O NetLab recruta novos pesquisadores nas áreas de Comunicação, Ciência Política, Economia e Tecnologia da Informação de forma recorrente, conforme a expansão das áreas de atuação e seguindo as exigências formais da UFRJ. “Como atuamos em várias áreas, contamos também com uma equipe multiprofissional a partir da qual cada frente possui demandas e exigências específicas”, explicou Santini. Quem tiver interesse em trabalhar nos projetos do NetLab deve acompanhar a abertura de novos processos seletivos no site do Laboratório (www.netlab.eco.ufrj.br) e em suas as redes sociais (@netlab_UFRJ no Twitter e @netlabUFRJ no Instagram).

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