Na semana passada, o projeto reitoria itinerante esteve em Macaé, encerrando as visitas da cúpula administrativa a todos os centros dos campi universitários. Em maio, o reitor Roberto Medronho esteve em uma maratona para ouvir e tentar resolver os problemas dos centros Tecnológico, de Letras e Artes, de Filosofia e Ciências Humanas, de Ciências Jurídicas e Econômicas e dos campi de Duque de Caxias e do norte Fluminense.
Com uma apresentação sobre as dificuldades financeiras que a Universidade enfrenta com a necessidade de recuperar a infraestrutura, uma vez que o orçamento de custeio repassado pelo governo federal caiu de R$ 689 milhões, em 2014, para R$ 392 milhões,em 2024. Segundo Medronho, desse valor, R$ 109 milhões estão comprometidos com pagamentos fixos. Uma avaliação realizada pelo Escritório Técnico da Universidade (ETU), em 52% dos imóveis, aponta que a reabilitação custaria R$ 790 milhões — o equivalente a todo o investimento previsto no orçamento do Ministério da Educação para a rede federal este ano. Somente para os reparos emergenciais, com prioridade máxima, a reitoria calcula um gasto de R$ 570 milhões.
Raras vezes, como no Centro de Tecnologia, os problemas levantados pela plateia e pelos decanos não passavam pela necessidade de reformas em prédios e instalações. No campus de Macaé, os estudantes e professores da área de saúde relataram também dificuldades na realização de estágios e prática na rede pública municipal. Em Duque de Caxias, por exemplo, o reitor deixou claro que não seria possível cogitar um novo curso de Medicin, fundamental para atender e melhorar a qualidade de vida na Baixada Fluminense, caso não houvesse um plano estruturado com os municípios da região que acolhesse a prática com a teoria acadêmica.
Diante de tantos problemas, a reitoria está ciente que a degradação da infraestrutura tem afetado a qualidade acadêmica e a falta de manutenção provoca, vez ou outra, a suspensão de aulas e outras atividades. Não é à toa que Roberto Medronho tem procurado em Brasília apoio para obtenção de mais verbas para a UFRJ. “Nós temos um patrimônio arquitetônico e cultural enorme, com 12 de 18 prédios tombados em estado crítico.Nem sempre encontramos empresas para levar à frente a recuperação dos imóveis”, disse ele em mais de uma oportunidade.
Para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que fiscaliza a preservação dos imóveis, a conservação do patrimônio tombado é de responsabilidade de seus proprietários, pois só cabe ao instituto orientar os gestores para evitar ações que causem danos às edificações. Somado a todos os problemas de infraestrutura, o perfil dos universitários mudou e há uma enorme necessidade de o governo federal prover recursos para assistência estudantil, com alimentação e condições de ensino, ou o risco de evasão cresce a cada dia.
O Conselho Universitário (Consuni) chegou a enviar em março deste ano uma carta a parlamentares pedindo “saídas emergenciais” para a situação orçamentária da instituição. Sem a ajuda de emendas parlamentares, a UFRJ só conta com recursos do MEC, que são insuficientes para a universidade manter seus prédios, quanto mais fazer novos. A saída está sendo trocar parte do patrimônio existente por contrapartidas da iniciativa privada, como está prestes a ocorrer com o edifício Ventura e como aconteceu com cessão do terreno para a construção de um novo espaço cultural multiuso, na Zona Sul do Rio.