A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lamenta, com pesar, a morte do professor, engenheiro e pesquisador Adolpho Polillo, reitor da UFRJ entre 1981 e 1985.
Ao longo de meio século dedicado à vida acadêmica, Polillo construiu uma carreira de excelência na UFRJ, com contribuições que impactaram não apenas a academia, mas também o desenvolvimento da engenharia no Brasil.
Nascido em 1928, no Rio de Janeiro, filho de Ida Brunocilla Polillo e Eugênio Polillo, realizou sua formação básica em escolas públicas da cidade. Após concluir o ensino fundamental na Escola Municipal Estados Unidos, no Catumbi, e o ensino médio no tradicional Colégio Pedro II, ingressou, em 1948, na Escola de Engenharia da Universidade do Brasil, atual UFRJ, onde se formou engenheiro civil em 1952. Obteve títulos de doutor em Arquitetura (1959) e em Ciências Físicas e Matemáticas (1963), na mesma instituição.
Sua trajetória profissional começou no período em que ainda era estudante de graduação, quando foi monitor da disciplina de Estabilidade das Construções. Tal experiência o levou a ser convidado para trabalhar com o renomado professor Aderson Moreira da Rocha, seu mentor. Juntos, publicaram a revista técnica de engenharia Estrutura, quando Polillo começou a ganhar reconhecimento por seu trabalho.
Um marco importante de sua carreira foi sua participação no projeto inovador para a construção de uma ponte sobre o Lago Paranoá, em Brasília, nova capital que era erguida no Planalto Central. Na ocasião, Polillo e sua equipe utilizaram concreto protendido com armaduras frouxas, algo inédito na época, o que acabou influenciando as normas internacionais de engenharia.
Além de suas realizações técnicas, Polillo construiu uma carreira sólida no ensino superior. Iniciou sua trajetória docente em 1954, na Escola de Engenharia da UFRJ, e também lecionou na Universidade de Brasília (UnB) a partir de 1966.
Polillo ocupou posições importantes de gestão acadêmica, como chefe do Departamento de Estruturas e diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo entre 1973 e 1977 e, posteriormente, decano do Centro de Letras e Artes (CLA).
Em 1981, o Conselho Universitário da UFRJ o escolheu como o 18º reitor da instituição, o último a ser indicado durante a ditadura civil-militar, a partir de uma lista sêxtupla encaminhada pelo Consuni. Assim, coube a ele liderar a Universidade durante o delicado período de transição.
“O presidente da República era o (João) Figueiredo. Ele assumiu comigo o compromisso de que faria a abertura. Eu perguntei a ele: “Presidente, é pra valer?” E ele me respondeu: “É pra valer! Vamos fazer a abertura! Faça muito diálogo!” Essa foi a única recomendação”, relembrou o ex-reitor, em entrevista à Associação de Docentes da UFRJ (Adurfj) no ano passado, uma das últimas que concedeu.
Polillo desempenhou um papel importante na transição para a escolha democrática dos reitores, apoiando a nomeação de Horácio Macedo como o primeiro reitor eleito diretamente pela comunidade acadêmica.
Sua gestão enfrentou desafios, sobretudo devido à crise econômica que assolou o Brasil na década de 1980, mas, ainda assim, Polillo conseguiu importantes conquistas para a Universidade. Foi sob sua liderança que se inaugurou o novo prédio da Faculdade de Letras, na Cidade Universitária, e que se conduziu uma obra de restauração no Salão dos Embaixadores do Museu Nacional.
Ele também firmou acordos de cooperação entre universidades e promoveu a preservação do patrimônio arquitetônico da UFRJ, articulando o tombamento provisório de edifícios históricos, como a Casa do Estudante Universitário (atual sede do Colégio Brasileiro de Altos Estudos), no Flamengo, e o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs), no Centro da cidade.
Além das contribuições acadêmicas, Polillo foi um defensor do diálogo dentro da Universidade. Apesar de sua postura inicial contrária às greves, ele buscou soluções para as demandas de reajuste salarial e dos movimentos estudantis com disposição para negociação.
“Foi um período difícil, porque eu tinha que defender, de alguma forma, os dirigentes perante os professores e, lá em Brasília, defender os professores perante o presidente. Então, era uma coisa muito delicada. Mas deu tudo certo”, relembrou em entrevista à Adufrj.
Adolpho Polillo foi professor emérito da UFRJ, título concedido em 1998 em reconhecimento à sua dedicação à Universidade e ao ensino superior. Ele deixa um legado de inovação e compromisso com a educação pública.
Além dos livros, Polillo era apaixonado por música e houve um tempo em que tocou violão.
Casado com Vera Polillo, faleceu aos 96 anos. Deixou os filhos, Vera Regina Polillo, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), e Adolpho Polillo Filho, ambos engenheiros civis formados pela UFRJ, seguindo os passos do pai.