Pela segunda vez, em mais de 177 anos de história, a Escola de Música (EM) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concede o título de notório saber, entregue a quem tem papel relevante para a música brasileira. Desta vez, o agraciado foi o compositor, violonista, arranjador, pesquisador e produtor musical brasileiro Mario Adnet. A cerimônia ocorreu na tarde de terça-feira (21/10), no Salão Leopoldo Miguez, no Centro, Rio de Janeiro. O diploma foi entregue pela reitora em exercício, Cássia Curan Turci.
O título é concedido mediante a comprovação cumulativa de experiência e desempenho de atividades e ações profissionais desenvolvidas no Brasil e no exterior que contribuem significativamente para o fortalecimento do ensino e da pesquisa em determinada área do conhecimento. Como ressaltou a superintendente acadêmica da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2), Ethel Pinheiro, é um título diferente de outros, pois é concedido a quem pode ministrar aulas, está apto a produzir conhecimento e formar novos músicos. “É uma honraria que permite aos outros pensarem a partir do ponto de vida e experiência em que a pessoa está”, disse ela.
O homenageado abriu a cerimônia se apresentando ao lado dos músicos e amigos Jorge Helder (baixo), Marcos Nimrichter (piano) e Marcelo Costa (percussão), reverenciando a quem fez parte da própria trajetória musical. Primeiro, com a composição autoral Pedra Bonita, em seguida com Coisa nº 10, de Moacir Santos, e por último com Correnteza, de Antônio Carlos Jobim.
Ganhador de dois Grammys Latinos, Mario Cesar Gonçalves Adnet tem 68 anos e, modesto, agradeceu ao reconhecimento “diferente” da própria carreira. “Esse reconhecimento acadêmico pelo meu trabalho muito me orgulha, me dá uma felicidade enorme, pois de uma forma ou outra eu fui para a vida aprender a fazer. Agora, eu estou de olho nos jovens. Tem muita gente boa e muita coisa boa para acontecer e estou pensando o que fazer agora com essa responsabilidade”, brincou.
O proponente da honraria, o professor do Departamento de Composição da EM Carlos Almada destacou a trajetória musical de Adnet, mas também o envolvimento dele em trabalhos atuais como arranjador e produtor do primeiro álbum de Luísa Gilberto, filha mais nova de João Gilberto, e o do músico baiano Cézar Mendes, que ensinou artistas como Vanessa da Matta, Ben Gil, Daniela Mercury e Margareth Menezes, entre outros, a tocar violão. Adnet também produz mais um trabalho autoral e realiza a direção musical de um documentário sobre Tom Jobim, de Miguel Faria Júnior.
O diretor da Escola de Música, Ronal Silveira, lembrou que era a segunda vez que ele participava de igual homenagem. A primeira, em 2023, foi a concessão do título ao pesquisador afrodescendente Antônio José do Espírito Santo, que não teve a oportunidade de frequentar espaços acadêmicos, mas tinha experiência na área da etnomusicologia, com ênfase em música e cultura africana geral no Brasil. “A própria Universidade se engrandece com homenagens como essas, mostrando como ela é importante para a construção de nossa identidade nacional, como povo”, destacou.

A reitora em exercício, Cássia Turci, ressaltou que, apesar das restrições orçamentárias que dificultam as atividades da Universidade, a maioria dos cursos ainda recebe altas notas nas avaliações do Ministério da Educação, graças ao imenso potencial do corpo acadêmico, técnico e dos alunos. “Esse não é um título que qualquer um pode receber. É preciso passar por uma avaliação rigorosa do Conselho de Graduação e Pesquisa, depois, pelo Conselho Universitário, até chegar neste momento. Sabemos o quanto Mario Adnet poderá contribuir não apenas com o ensino e a pesquisa, mas também com a extensão universitária, da comunicação direta com a sociedade como um todo. Precisamos trazer os jovens para a nossa Universidade para que tenham um futuro melhor. Vamos trabalhar juntos para que a gente consiga avançar cada vez mais em prol de nosso país, pois só a educação poderá mudar o Brasil”, disse ela, encerrando a cerimônia.



